Resenha da Drica: Os Descendentes - Filme

Os Descendentes - Filme

Titulo Original: The Descendants

Gênero: Comédia e Drama

Duração: 115 min.

Origem: Estados Unidos

Estreia: 27 de Janeiro de 2012

Direção: Alexander Payne

Roteiro: Alexander Payne e Nat Faxon

Distribuidora: Fox Film do Brasil

Censura: 10 anos

Ano: 2011

PRÊMIOS

- Vencedor do Globo de Ouro 2012 de Melhor Filme - Drama e Melhor Ator (Drama) para George Clooney

- Ganhou o Oscar 2012 na categoria de Melhor Roteiro Adaptado


No filme, Clooney interpreta Matt King, um dos descendentes do título. Ele e seus primos herdaram de seus ancestrais centenas de hectares de terras que um dia pertenceram à realeza havaiana. Mas enquanto a maioria deles não trabalha, vivendo apenas desta renda, Matt é um advogado e também o responsável legal por gerir tudo o que sobrou do espólio. Às vésperas de fechar um acordo imobiliário de meio bilhão de dólares, sua esposa sofre um acidente de barco e entra em coma.

Como nos diz Matt em sua primeira interação com o público, o filme também se presta a mostrar um Havaí diferente do paraíso dos resorts de luxo que sempre se vê nos filmes e séries, ou das disputas entre locais e "haoles", como eles chamam os estrangeiros. Existe também a interessante missão não declarada de mostrar ainda que, sim, todo mundo por lá usa camisa havaiana, mesmo em eventos sociais. “Eles são loucos? Acham que somos imunes à vida?”, Matt pergunta. “Como é possível achar que nossas famílias erram menos, temos cânceres menos fatais, enxaquecas menos dolorosas?”.

Matt, acusado de pão duro pelo seu sogro, que não vive uma proximidade afetiva com sua esposa e suas duas filhas. Elizabeth, em busca de adrenalina, se envolve num acidente e entra em um coma irreversível. A preocupação de Matt com os negócios da família acabaram afastando-o daqueles que mais o amavam. O filme basicamente é o caminho que Matt vai trilhar para trazer Alexandra (Shailene Woodley), sua filha mais velha, de 17 anos, e sua filha mais nova, Scottie (Amara Miller), de 11 anos, para perto dele. E vai ser através de Alexandra que Matt irá descobrir que sua esposa o estava traindo. A partir daí, Matt vai descobrir a todo custo quem foi o sujeito capaz de induzir Elizabeth ao adultério. Paradoxalmente, essa situação vai servir para uní-lo às filhas.


Ao mesmo tempo que ele e Alexandra começam a especular sobre o motivo da traição, King tem que ficar engolindo o mau humor e o descarrego de ressentimento do seu sogro, Scott Thorson (Robert Foster) – que a todo instante joga na cara que se King tivesse sido menos muquirana, Elizabeth não estaria naquelas condições - e as brincadeiras de Sid (Nick Krause), um namoradinho que a filha leva a tiracolo.


Acredito que o sucesso do longa se deve em muito ao fato de não se preocupar em taxar os personagens em bons ou maus, assim como de não se utilizar da paisagem do Havaí para fazer um filme cartão postal. Um drama familiar, nada extraordinário, mas edificante e que irá fazer com que o personagem principal, Matt, leve em consideração as suas raízes.


“Não se deixe enganar pelas aparências”, revela o personagem de Clooney. Essa frase também se encaixa perfeitamente no clima de Os Descendentes, deixando claro que todo e qualquer tipo de sentimento é algo que se muda rapidamente e cenas cômicas logo se transformam em momentos profundamente tristes e por vezes até dolorosos.

Com tantas reflexões, o filme te carrega até o seu objetivo final: o autodescobrimento. É na hora de pegar a filha mais nova na escola que o pai percebe que não existe na sua memória uma lembrança recente de ter feito isso em muito tempo. É ali no hospital, ao ver a mãe paralisada na cama do hospital, que a filha percebe o quanto é parecida com a mãe que ela se acostumou a destratar.

A forma como os fatos são apresentados - em meio a uma investigação particular - fazem o público também parar para pensar no seu próprio dia-a-dia, colocar em perspectiva o que fizeram até aqui e analisar o que vem pela frente. Fidelidade, dinheiro, paternidade, relacionamentos, sentimento de culpa, tudo isso é colocado em xeque de uma forma discreta, mas bastante eficaz. Por tudo isso, Os Descendentes é o queridinho indie do Oscar deste ano. E por méritos próprios.

 George Clooney entrega sua melhor performance, em uma atuação cuja sinceridade comove e, se o mundo fosse justo, teria ganhado o Oscar.

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