De Bruno Palma

Encontrei esse texto lindo no meu Facebook e resolvi compartilhĂ¡-lo com vocĂªs.Tentei encontrar o autor, mas sĂ³ sei que o nome dele Ă© Bruno Palma, dei os crĂ©ditos devidos, mas, se alguĂ©m conhecĂª-lo, favor me avisar. AliĂ¡s, avisem Ă  ele: ele Ă© fantĂ¡stico!!!


rrou a novela com o seguinte texto....Por sinal belĂ­ssimo. NĂ£o deixem de ler.

"Quem teve o privilĂ©gio de viver muito sabe que o tempo Ă© um mestre muito caprichoso. Ă€s vezes, as suas lições sĂ£o tĂ£o repentinas que quase nos afogam. Outras vezes, elas se depositam devagar como a conta gotas diante da avidez das nossas perguntas. E, por isso, quem teve o privilĂ©gio de viver muito tempo, aprende a olhar com serenidade o turbilhĂ£o da vida.

Amores ardentes se extinguem. UrgĂªncias se acalmam. Passos Ă¡geis, alentam.

Enfim, tudo muda. Muda o amor, mudam as pessoas, muda a famĂ­lia, sĂ³ o tempo permanece do mesmo modo, sempre passando.

Um brinde ao tempo que esculpiu no meu rosto e na minha alma a sua marca que tanto me orgulho.

Ao Tempo!.... Ao Tempo....."Namore um cara que se orgulha da biblioteca que tem, ao invĂ©s do carro, das roupas ou do penteado. Ele tambĂ©m tem essas coisas, mas sabe que nĂ£o Ă© isso que vai tornĂ¡-lo interessante aos seus olhos. Namore um cara que tenha uma pilha de trĂªs ou quatro livros na cabeceira e que lembre do nome da professora que o ensinou as primeiras letras.
Encontre um cara que lĂª. NĂ£o Ă© difĂ­cil descobrir: ele Ă© aquele que tem a fala mansa e os olhos inquietos. Ele Ă© aquele que pede, toda vez que vocĂªs saem para passear, para entrar rapidinho na livraria, sĂ³ para olhar um pouco. Sabe aquele que Ă s vezes fica calado porque sabe que as palavras sĂ£o importantes demais para serem desperdiçadas? Esse Ă© o que lĂª.
 

Ele Ă© o cara que nĂ£o tem medo de se sentar sozinho num cafĂ©, num bar, num restaurante. Mas, se vocĂª olhar bem, ele nĂ£o estĂ¡ sozinho: tem sempre um livro por perto, nem que seja sĂ³ no pensamento. O rosto pode ser sĂ©rio, mas ele nĂ£o morde, nĂ£o. Sente-se na mesa ao lado, estique o olho para enxergar a capa, sorria de leve. É bem fĂ¡cil saber sobre o quĂª conversar.
Diga algo sobre o Nobel do Vargas Llosa. Fale sobre as novas traduções que andam saindo por aĂ­. Cuidado: certos best-sellers sĂ£o assunto proibido. Peça uma dica. Pergunte o que ele estĂ¡ lendo – e tenha paciĂªncia para escutar, a resposta nunca Ă© assim tĂ£o fĂ¡cil.
Namore um cara que lĂª, ele vai entender um pouco melhor seu universo, porque jĂ¡ leu Simone, Clarice e – talvez nĂ£o admita – sabe de memĂ³ria uns trechos de Jane Austen. Seja vocĂª mesma, vocĂª mesmĂ­ssima, porque ele sabe que sĂ£o as complicações, os porĂ©ns que fazem uma grande heroĂ­na. Um cara que lĂª enxerga em vocĂª todas as personagens de todos os romances.
Um cara que lĂª nĂ£o tem pressa, sabe que as pessoas aprendem com os anos, que qualquer um dos grandes tem parĂ¡grafos ruins, que o Saramago começou jĂ¡ velho, que o Calvino melhorou a cada romance, que o Borges pode soar sem sentido e que os russos precisam de paciĂªncia.
Um namorado que lĂª gosta de muita coisa, mas, na dĂºvida, Ă© fĂ¡cil presenteĂ¡-lo: livro no aniversĂ¡rio, livro no Natal, livro na PĂ¡scoa. E livro no Dia das Crianças, por que nĂ£o? Um cara que lĂª nunca abandonarĂ¡ uma pontinha de vontade de ser Mogli, o menino lobo.
E vocĂª tambĂ©m ganharĂ¡ um ou outro livro de presente. No seu aniversĂ¡rio ou no Dia dos Namorados ou numa terça-feira qualquer. E jĂ¡ fique sabendo que o mais importante nĂ£o Ă© bem o livro, mas o que ele quis dizer quando escolheu justo esse. Um cara que lĂª nĂ£o dĂ¡ um livro por acaso. E escreve dedicatĂ³rias, sempre.
Entenda que ele precisa de um tempo sozinho, mas nĂ£o Ă© porque quer fugir de vocĂª. Invariavelmente, ele vai voltar – com o coraĂ§Ă£o aquecido – para o seu lado.

Demonstre seu amor em palavras, palavras escritas, falas pausadas, discursos inflamados. Ou em silĂªncios cheios de significados; nem todo silĂªncio Ă© vazio.


Ele vai se dedicar a transformar sua vida numa histĂ³ria. DeixarĂ¡ post-its com trechos de Tagore no espelho, mandarĂ¡ parĂ¡grafos de Saint-ExupĂ©ry por SMS. VocĂª poderĂ¡, se chegar de mansinho, ouvĂ­-lo lendo Neruda baixinho no quarto ao lado. Quem sabe ele recite alguma coisa, meio envergonhado, nos dias especiais. Um cara que lĂª vai contar aos seus filhos a HistĂ³ria Sem Fim e esconder a mĂ£o na manga do pijama para imitar o CapitĂ£o Gancho.
 
Namore um cara que lĂª porque vocĂª merece. Merece um cara que coloque na sua vida aquela beleza singela dos grandes poemas. Se quiser uma companhia superficial, uma coisinha sĂ³ para quebrar o galho por enquanto, entĂ£o talvez ele nĂ£o seja o melhor. Mas se quiser aquela parte do “e eles viveram felizes para sempre”, namore um cara que lĂª.

Ou, melhor ainda, namore um cara que escreve.

Um comentĂ¡rio

  1. Me apaixonei por esse texto!!! ParabĂ©ns Bruno! E parabĂ©ns Adriana por ter tido a sensibilidade de compartilhĂ¡-lo conosco!!!
    Paulinha
    Me, My Shelf And My Books

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