Lendo com a Dani: Um dia o Amor vai encontrar Você, Luiza Mussnich

O último Natal com biscoitos de limão e beijo de boa noite dos pais; saudade com gosto de framboesa; a menina de olhos cor de poço fundo que economizava as palavras para os caderninhos que eram só seus; o amor que chegou pelo homem certo e acabou por falta de tempo para cuidar das flores. 

Esse é o universo pelo qual passeia o olhar da jovem escritora Luiza Mussnich. Em textos curtos, singelos e plenos de literatura, ela compartilha vislumbres de sua intimidade enquanto nos faz olhar para dentro, identificando reflexos de seus relatos em nossa própria história. Um livro que toca fundo e prepara o coração para que, um dia, o amor vá encontrar você. 

LUIZA MUSSNICH é carioca e nasceu em 1991. Não se imagina vivendo em uma cidade onde não veja o horizonte sobre o mar, tampouco numa casa sem cachorro. Coleciona cadernos, tem sonhos em alemão e gostaria de poder passar férias na Belle Époque. Jornalista, trabalhou escrevendo a coluna Esquinas na revista Piauí e produzindo documentários sobre a África. Publica seus contos, crônicas e poesias no site www.palavrasemvoolivre.wordpress.com. Um dia o amor vai encontrar você é seu primeiro livro publicado.

Um dia o Amor vai Encontrar Você
Autora: Luiza Mussnich
id Cultural (2016)
116 páginas




Um livro para ser lido e sentido, que vai lhe trazer velhas lembranças à tona e lhe envolver até a página final.


Quando li a sinopse do livro me identifiquei, pois outrora sonhei em publicar meus textos, meus versos.

Assim que abri o envelope e bati os olhos na capa tão simples, mas tão linda com um mar calmo a me encarar, tive certeza que fiz a escolha certa.





Era apenas para bater a foto para usar no instagram, mas decidi folhear, comecei a ler o índice e pronto! engatei a leitura.

E o livro de prosa poética furou a fila de leitura.

Um dia o amor vai encontrar você tem uma vastidão tão imensa quanto o mar na capa.

São textos ora curtos, ora um pouco mais longos, o que é certo, são os sentimentos.

Luiza Mussnich tem uma escrita tão envolvente que no início pensei que cada texto era relacionado à sua vida pessoal, em outros, imaginei que ela retratava sentimentos de personagens imaginados por ela própria.

Mas não importa, sejam pessoais ou não, cada texto me pegou de jeito, me fez reviver o passado, me colocar no lugar do narrador.



Quem não passou por uma paixonite infantil, a dor da perda de um ente querido, quem não teve de lidar com a separação dos pais, dos irmãos, dos avós.

O índice do livro com cada título remeteu a poesia, mas ao notar que não havia rima, entendi que eram textos, mas que de uma forma interessante se completam se você os ler em sequência, mesmo sem a cadência.

Outro ponto positivo: As imagens que ilustram cada texto/capítulo. São tão lindas, bem feitas, podia imaginar o contexto com clareza.




A edição está impecável, não encontrei erros, o cuidado com a obra em si está espetacular. A folha de guarda combinando com a cor do nome da autora, e as separações entre as duas partes. 


Um dia o amor vai encontrar você fala de amores diversos e, com certeza, você vai ler e algum dos textos vai encaixar bem com o que você sentiu ou sente no momento. 

Uma compilação de sensações e pensamentos que um dia já povoaram sua mente e seu coração.

"Jornalistas não sabem de nada, pensei com raiva. Daí não escreverem sobre o amor. A notícia informa, mas é o amor que nutre a alma."

Os amores no pé são relacionados à família. E os amores maduros englobam o amor tão bem descrito.

"Morrer não é fim de mundo, é estação da vida, insistia."

E quem já não teve seus sonhos criticados e tantas vezes enterrados? E sonhou voltar no tempo em que sua maior preocupação era qual a próxima brincadeira?


"Ouvia, desconsolada, que devia parar com esses desejos difíceis de realizar. Eu ainda era menina, tinha a infância povoada por sonhos - que falta me faz a mente livre dos tempos de franjinha."

Eu recomendo a todos vocês, é uma leitura rápida e fluida que vai arrebatar você e que ao terminar vai deixar um sorriso no seu rosto.

Leiam e contem o que acharam.

Deixo para vocês o texto que veio no encarte:


Gramática
Na paixão por tempos verbais, não sabia que os indicativos me apontavam regências tão difíceis. Mesmo traiçoeiros, o "vós" e os subjuntivos me divertiam. Adulta, tenho medo do "nós". Em caneta permanente, o futuro do pretérito perfeito fez-se em mim dolorido. Quero ganhar futuros do presente. 

6 comentários

  1. Oi Dani.

    Essa é a primeira vez que vejo falar desse livro, e ja estou encantada, não sou muito fã de poesia não, mas esse me chamou bastante a atenção.
    A dor de perder o ente querido é grande, mas agradeço aos que ainda tenho comigo.
    Quando somos crianças, tudo tem que ser como e quando queremos, muitas vezes mete-mos os pés pelas mãos e fazem um monte de bobagem, tudo é tão intenso.
    O primeiro "amor", o primeiro beijo do menino que gostamos, escondido de todos e a sensação de felicidade momentanea que aquele simples ato nos trás.
    Uau filosofei, enfim gostaria de ter dado o devido valor a pequenos gestos como esses.
    Vou ler essa obra com certeza Dani, me encantei com ela.
    Bom Dia.

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    1. Oi Marlene. Tudo bem?
      É lançamento e fiquei imensamente feliz pela oportunidade de ler.
      Não se trata de poesia em versos, mas de textos poéticos.
      Se apenas a resenha te trouxe tantas lembranças, imagine a leitura o bem que fará.
      Tenha um bom dia e muito obrigada por deixar seu comentário tão sincero.

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  2. Oi mana, tenho que ser sincera e dizer que não irei ler esse livro porque ele não faz o meu estilo, já tentei ler livros assim e ele simplesmente não funcionam muito bem comigo mas fico feliz que tenha gostado do livro, porque afinal gosto é gosto e cada um tem o seu.

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    1. Ok Rissia, se não é seu estilo não há o que fazer, uma pena.
      Obrigada por comentar.

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  3. Que livro fininho. Sou muito chata pra essas coisas e fico incomodada com isso, custo me acostumar com a leitura. Parece ser um livro muito bonito e caprichado pelas fotos, a capa p&b e os quotes que eu adorei, mas não é meu estilo.

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    1. É fininho, mas bem completo a sua maneira. Uma pena que não lhe desperte curiosidade.
      Obrigada por comentar.

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