Leitura da Drica: O último adeus, Cynthia Hand

O Último Adeus é narrado em primeira pessoa por Lex, uma garota de 18 anos que começa a escrever um diário a pedido do seu terapeuta, como forma de conseguir expressar seus sentimentos retraídos. Há apenas sete semanas, Tyler, seu irmão mais novo, cometeu suicídio, e ela não consegue mais se lembrar de como é se sentir feliz.
O divórcio dos seus pais, as provas para entrar na universidade, os gastos com seu carro velho. Ter que lidar com a rotina mergulhada numa apatia profunda é um desafio diário que ela não tem como evitar. E no meio desse vazio, Lex e sua mãe começam a sentir a presença do irmão. Fantasma, loucura ou apenas a saudade falando alto? Eis uma das grandes questões desse livro apaixonante.
O Último Adeus é sobre o que vem depois da morte, quando todo mundo parece estar seguindo adiante com sua própria vida, menos você. Lex busca uma forma de lidar com seus sentimentos e tem apenas nós, leitores, como amigos e confidentes.
O Último Adeus
Cynthia Hand
Ano: 2016
Páginas: 352
Editora: DarkSide Books


“Claro, não faz sentido ficar brava. É improdutivo. Eles ainda não entendem. Que estão esperando por aquele telefonema que mudará tudo. Que cada um vai acabar se sentindo como eu. Porque alguém que eles amam vai morrer. É uma das certezas mais cruéis da vida."
Já faz alguns meses que li O Último Adeus, mas reconheço que não foi fácil resenhá-lo. Mesmo sendo um dos melhores livros que já li.


O Último Adeus é escrito em forma de diário. Um diário escrito por Lex, garota fantástica, inteligentíssima, de 18 anos que, apesar de não ter muita habilidade com as palavras, porque o seu forte são os números, começa a escrever um diário a pedido de Dave, seu terapeuta, numa tentativa de expressar sentimentos reprimidos após o suicídio de Tyler, seu irmão mais novo. Lex não consegue se lembrar dos fatos daquele dia que mudou a sua vida.

Lex vive com a mãe, uma mulher batalhadora e que foi abandonada pelo marido que hoje vive uma vida de luxo com a nova família. Enquanto ela e Lex amargam a dor da morte de Tyler, o abandono e as dificuldades financeiras. 
“Nasci com números no cérebro. Penso em equações. O que eu faria, se conseguisse escrever e produzir algo útil, seria pegar minhas lembranças, esses momentos efêmeros e dolorosos da minha vida, e encontrar uma maneira de somá-los, subtraí-los e dividi-los, inserir variáveis e movê-los, tentar isolá-los, descobrir seus sentidos ilusórios, traduzi-los de possibilidades a certezas” 
Como se não bastasse tudo isso, Lex começa a sentir a presença do irmão, e chega até a vê-lo. Alucinações? Imaginação fértil fruto da saudade? Ou será Tyler querendo dizer algo para Lex? Essa presença vai impulsionar Lex a uma busca sobre quem realmente era o seu irmão, e as surpresas serão muitas.
“... nada melhor para fazer com que você tenha noção de sua fragilidade no universo do que a morte repentina de alguém da sua idade, que estava aqui há um minuto, mas agora não está mais.”
A escrita da Cynthia Hand é fantástica, extremamente sensível, mas, ao mesmo tempo, forte e realista. Se você vai chorar? Sim, acho que essa é uma das grandes certezas que esse livro traz. Mas você também vai se apaixonar pela Lexie e sua história. Dor, superação, amizade, romance, relacionamentos, muita música e literatura, tudo isso também faz parte da história. 
Falar que a Darkside deu show é quase uma redundância. A capa é de uma simplicidade única e necessária, que você só vai entender após a leitura e aí, sim, fará todo o sentido. Todo escrito em azul e cheio de rabiscos para dar a ideia de uma verdadeiro diário, na fonte e papel ideias. 
“ Tenho fases nas quais acho que tudo vai ficar bem e que o céu é azul e tal, quando consigo sentir o sol e o ar entrando e saindo dos meus pulmões e penso a vida é boa. Mas então, todas as vezes, também sei, no fundo, que a escuridão está vindo. E não vai parar de vir. E quando eu estiver na escuridão, vou estragar tudo. E se você estiver comigo. Vou estragar você também.”
E no final, o livro não é sobre suicídio. O livro é sobre o que fica, ou melhor, o que fica faltando nas pessoas que ficam. O foco é Lex e sua depressão, a dor, a saudade, a culpa, e como tudo isso afeta a sua vida complicada com um pai ausente e uma mãe também dilacerada pela perda. 




9 comentários

  1. Oi, Drica!
    Amei sua resenha e fiquei bem motivada para fazer a leitura desse livro.
    Ganhei um exemplar em um Top Comentarista, mas ainda não li. Gostei da premissa, parece ter uma mensagem forte, que toca nossos sentimentos.
    Vou conferir em breve.
    Beijos.

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  2. Drica!
    Deve ser um livro bem carregado de sensações críticas e bem intenso.
    Imagino tudo que a protagonista passa e fiquei muito curiosa por saber sobre as visões dela sobre o irmão e tudo o mais que se passa no livro.
    Quero ler.
    “O verdadeiro sentido do Natal não está nos presentes e nem no papai noel, mas sim no nascimento de Jesus Cristo, que veio ao mundo para nos libertar do pecado e ser o nosso único salvador!” (Andréia Godoi)
    Boas Festas!
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de DEZEMBRO ESPECIAL livros + BRINDES e 4 ganhadores, participem!

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  3. Oi!
    Já tinha visto esse livro antes, mas ainda não tinha ficado interessada nessa historia, porém lendo essa resenha ela logo me chamou atenção, parece ser uma leitura bem emocionante e fiquei curiosa para saber mais sobre a Lex, principalmente por a autora escrever sobre como a lex vai lidando com tudo isso, e parece que a diagramação do livro está maravilhosa !!

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  4. É uma leitura que deve deixar o leitor com o emocional em alta, perdas são sempre devastadoras, pensei que focaria no suicídio e suas causas, mas é diferente foca na dor de quem fica, pois ter que lidar com a falta de alguém causa muitos transtornos. Gostei de saber que tem música que adoro.

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  5. Esse tipo de tema sempre acaba me destruindo emocionalmente. É tanta tristeza, tanta coisa que acaba explorando e a visão de quem foi, a visão de quem fica, o que sentem...ai, dá um nó na garganta quando leio coisas do tipo =/
    E esse livro parece ser muito bem feito e cheio de sentimentos. Mas também parece que acaba deixando uma mensagem legal para aqueles que passaram por essa situação e perderam pessoas queridas. É um livro que tem cara de tributo, de ser uma história pra relembrar e sentir saudade. Me passou essa ideia quando vi. Queria ver se lia ele agora em janeiro pois estou com ele aqui empacado na estante e ainda não deu pra ler...

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  6. Nossa amei a resenha, o livro realmente parece ser lindo, e tenho certeza de que podemos aprender com a Lex, e achei a proposta dele ser escrito como um diário super bacana, ainda não li nenhum livro assim. Já irei preparar o meu lencinho.
    Beijos *-*

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  7. Adorei a resenha!! Espero ganhar esse livro no meu aniversário!! Já deixei a dica para várias pessoas!! Acho essa edição maravilhosa!!
    Beijoss

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  8. De um tempo para cá livros com essa temática ganharam muito espaço, o que acho válido já que ajuda pessoas que enfrentam o mesmo problema. Parece mesmo ser uma narrativa linda e tocante, apesar de eu não ser muito fã dos que parecem um diário. Mas fiquei com vontade de ler!

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  9. A Dark sempre arrasa em seus livros mesmo, uma das melhores. Sobre a história, já fiquei pensando no que ela pode passar para mim, antes mesmo de ler o livro, sabia? Deve ser daquelas histórias que terminamos a leitura bem, mais arrasadas por dentro. Que mesmo dias depois, ainda lembramos o que aquele personagem sentiu, viveu. Enfim, um livro forte e reflexivo, que fala sobre aquilo que mais sentimos, a perda de alguém que amamos. Como viver depois disso?

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