Correndo Descalça, Amy Harmon

Um romance emocionante sobre amizade, amor e família, da autora de Beleza Perdida.
Quando Josie Jensen, uma desajeitada menina prodígio da música, conhece Samuel Yates, um garoto confuso e revoltado descendente dos índios Navajos, uma amizade improvável floresce. Apesar de ser cinco anos mais nova, Josie ensina a Samuel sobre palavras, música, sonhos, e, com o tempo, eles formam um forte vínculo de amizade.
Após se formar no colégio, Samuel abandona a cidadezinha onde vivem em busca de um futuro, deixando sua jovem amiga com o coração partido. Muitos anos depois, quando Samuel retorna, percebe que Josie necessita exatamente das coisas que ela lhe oferecera na adolescência. É a vez de Samuel ensinar a Josie sobre a vida e o amor e guiá-la para que ela encontre seu rumo, sua felicidade.
Profundamente romântico, Correndo Descalça é a história de uma garota do interior e um garoto indígena, sobre os laços que os ligam a suas casas e famílias e sobre o amor que lhes dá asas para voar.
Correndo Descalça
A vida não poupou nenhum dos dois, mas sempre há uma chance de recomecar. Só é preciso reconhecer quando o momento chega.
Ano: 2018 
Páginas: 349
Idioma: português 
Editora: Verus

Como um sapato cujo o par é perdido e nunca mais é usado, eu havia perdido meu par e não sabia correr descalça.”

Josie é uma garota que precisou amadurecer cedo demais. Ao perder a mãe ainda muito nova, ela, mesmo ainda tendo o pai e os irmãos mais velhos, se sentia muito só. Tímida e reservada encontrou na música clássica o consolo de que precisava e uma forma de descarregar suas tristezas e raiva.

“A Nona Sinfonia de Beethoven tornou-se a minha seiva vital. Eu fazia Sonja tocar a canção todos os dias no fim da aula, e todos os dias ia embora cheia de esperança, com a fera dominada.”

A doce criança começa a ver sua dinâmica de vida mudar quando começa a ficar adolescente e se aproximar de Samuel, um garoto mestiço que perdeu o pai muito cedo e foi deixado de lado pela mãe, quase como Josie, porém sua reação à situação foi bem diferente da menina. Samuel se tornou um rapaz fechado e irritadiço que preferia não se relacionar com as pessoas da pequena comunidade por estar cansado do preconceito que sofria mas também não saiu incólume à aproximação com ela. Ambos se encontravam no ônibus a caminho da escola e entre leituras e discussões tiveram suas vidas transformadas para sempre.

“ Ele suspirava e procurava a palavra em questão, enquanto eu a soletrava. também havia palavras que eu desconhecia, e também fazia Samuel procurá-las, embora tivesse certeza de que, se eu não as conhecia, ele também não.”

Aos poucos, a amizade cresceu e se fortificou porém a diferença de idade e de objetivos de vida logo provocaram uma reviravolta. Samuel tinha um plano bem estruturado em sua mente e, para que se concretizasse, precisava deixar a cidadezinha e sua grande amiga criando mais uma rachadura no coração já sofrido da garota.

Creio que poucas vezes li uma sinopse que transmitisse tão bem a história e mensagem de um livro sem dar spoiler, como foi o caso de Correndo Descalça, já preparando o coração do leitor para o que iria encontrar pela frente. Momentos sublimes e tocantes recheados com boa música e literatura. Destaque para:

- Rapsódia Sobre um Tema de Paganini, do russo Sergei Rachmaninoff, tema de um filme que amo demais, Em Algum Lugar do Passado. Um parêntese aqui: para provar como meu amor por esta música é grande, escolhi sua partitura para imprimir para tirar fotos e  que quando eu tirei a foto que está ai em cima eu não sabia que ela seria citada no livro. Diga se não é para se apaixonar mais ainda?


- A fabulosa discussão entre os protagonistas baseada em Morro dos Ventos Uivantes entrelaçada a I Carta de São Paulo aos Coríntios, capítulo 13, imortalizada para nós pela voz inigualável do eterno Renato Russo.

Sem deixar de comentar a cena que envolve uma das declarações de amor mais lindas da história da literatura mundial que não vou dizer de qual livro é para não dar um grande spoiler para quem não leu a obra, pois aparece num momento crucial da trama nos dois livros:

“Não posso mais ouvir em silêncio. Preciso falar com você pelos meios de que disponho. Você penetra minha alma. Sou meio agonia, meio esperança. Diga que não é tarde, que sentimentos tão preciosos não desapareceram para sempre.”

Amy Harmon sempre conseguiu penetrar minha alma também. Sou muito apaixonada por Beleza Perdida, da mesma autora, e vibrei ao reencontrar seu estilo lírico agregado a uma escrita impecável que transcende as páginas e toca bem fundo no meu coração. Fico fascinada como ela cria toda a caracterização dos personagens e toda a trama usando as referências que cita fazendo quem já leu essas referências sinta toda a nostalgia da leitura que fez e quem não leu fique curioso em ler.

Nesta obra, ela também trouxe muitos ensinamentos interessantes e fortes pertencentes a família de Samuel:

“Uma pessoa sábia uma vez me disse que, se não conhecemos as histórias dos outros, não podemos aprender a amar e a respeitá-los.”

Com um leve e gostoso romance de pano de fundo, ela mostra, a cada capítulo, o crescimento dos personagens. Neste caso, com foco maior em Josie, usando uma narrativa em primeira pessoa, o que me ajudou e muito a entender as reações de Josie e toda a carga dramática do livro.

Beijos, Myl

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