O ódio que você semeia, Angie Thomas


Uma história juvenil repleta de choques de realidade. Um livro necessário em tempos tão cruéis e extremos.
Starr aprendeu com os pais, ainda muito nova, como uma pessoa negra deve se comportar na frente de um policial.
Não faça movimentos bruscos.
Deixe sempre as mãos à mostra.
Só fale quando te perguntarem algo.
Seja obediente.
Quando ela e seu amigo, Khalil, são parados por uma viatura, tudo o que Starr espera é que Khalil também conheça essas regras. Um movimento errado, uma suposição e os tiros disparam. De repente o amigo de infância da garota está no chão, coberto de sangue. Morto.
Em luto, indignada com a injustiça tão explícita que presenciou e vivendo em duas realidades tão distintas (durante o dia, estuda numa escola cara, com colegas brancos e muito ricos - no fim da aula, volta para seu bairro, periférico e negro, um gueto dominado pelas gangues e oprimido pela polícia), Starr precisa descobrir a sua voz. Precisa decidir o que fazer com o triste poder que recebeu ao ser a única testemunha de um crime que pode ter um desfecho tão injusto como seu início.
Acima de tudo Starr precisa fazer a coisa certa.
Angie Thomas, numa narrativa muito dinâmica, divertida, mas ainda assim, direta e firme, fala de racismo de uma forma nova para jovens leitores. Este é um livro que não se pode ignorar.
O Ódio Que Você Semeia
The Hate U Give
Ano: 2017 
Páginas: 378
Idioma: português 
Editora: Galera Record

“Já vi acontecer um monte de vezes: uma pessoa negra é morta só por ser negra e o mundo vira um inferno. Já usei hastags de luto no Twitter, repostei fotos no Tumblr e assinei todos os abaixo-assinados que vi por aí. Eu sempre disse que, se visse acontecer com alguém, minha voz seria a mais alta e garantiria que o mundo soubesse o que aconteceu.Agora, sou essa pessoa, e estou morrendo de medo de falar.”
Não gosto muito de ler livros que viram modinha, e esse foi o motivo que me fez só ler O ódio que você semeia agora. Mas com a cartinha fofa que a Record mandou, como resistir?


A história, como a maioria de vocês já deve saber, conta parte da vida de Starr, garota negra que perde o amigo ao ser assassinado por um policial branco, sem motivo algum, quando voltavam de uma festa.

“Às vezes, você pode fazer tudo certo, e mesmo assim as coisas dão errado. O importante é nunca parar de fazer o certo.”

Filha de um ex-presidiário que largou o mundo do crime e hoje é um comerciante bem-sucedido e mãe médica, Starr estuda em uma escola onde ela é a única menina negra e namora com um garoto branco. Tudo isso mexe com a cabeça de Starr. Agora então que ela é a única testemunha do que aconteceu com Khalil, Starr vai se questionar sobre qual o seu papel dentro da sociedade. O que fazer? Se calar por medo ou cobrar justiça pelo amigo morto?

" Ter coragem não quer dizer que você não esteja com medo, Starr. Quer dizer que você segue em frente apesar de estar com medo." 

O ódio que você semeia é um livro fenomenal. Acho que o dicionário não tem palavra mais forte para descrever o que é a leitura dessa história. É daqueles livros que você tem vontade de fazer todo mundo ler porque sabe que vai mudar a vida e a visão de munda de cada um.

“Logo cedo eu aprendi que as pessoas cometem erros, e você tem que decidir se os erros são maiores do que seu amor por elas.”

Angie Thomas não nos traz apenas uma história, ela traz um relato da realidade nua e crua do que acontece em vários lugares do mundo. Será que você nunca ouviu nada parecido acontecendo aí perto de você? Se não, sorte a sua. Mas, infelizmente, isso é mais comum do que gostaríamos que fosse. Mas o grande mérito do livro não é o relato, mas a forma como cada pessoa envolvida reage ao acontecimento, como cada personagem se modifica e amadurece, como cada reação é de extrema importância para nos levar a uma reflexão sobre o nosso mundo.

Apesar do tema denso, a autora consegue dar uma fluidez à narrativa que faz com que você devore o livro em algumas horas. Starr é uma menina fantástica, daquelas protagonistas que arrebanham uma legião de fãs por ser verdadeira, por parecer com alguém que você conhece ou por ser a menina que você gostaria que fosse sua melhor amiga.

Ponto forte para a ‘participação’ de Tupac e a frase que explica o título do livro: The Hate U Give Little Infants Fucks Everybody, ou O ódio que você passa pras criancinhas fode com todo mundo. E para a participação de Will Smith em O maluco no pedaço, inspirando Starr a ser a pessoa que queria ser.

“Isso quer dizer que o ódio que a sociedade nos dá quando somos pequenos morde a bunda dela quando crescemos e ficamos doidos.”

E para o namorado amorzinho que deu um toque especial à história sem mimimi.

“Gosto do jeito como ele me olha agora, como seu eu fosse uma das melhores coisas da vida dele. Ele é uma das melhores da minha.”


Importante, necessário, essencial, indispensável, eterno. 





5 comentários

  1. Eu já tinha visto esse livro em outro lugar mas nunca vi uma resenha, só essa, não sigo muitas modinhas, mas acho que vou adorar ler esse livro!
    Adorei as fotos!!

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  2. Drika!
    Tremendo absurdo tanto preconceito em pleno século XXI, não admito.
    O mais importante é que o livro traz análises de fatos reais e imagino o quanto deve mesmo chocar, principalmente através dos detalhes.
    E ainda fala do luto, bem intrigante.
    Fiquei bem interessada em poder ler.
    cheirinhos
    Rudy

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  3. Reconheci a menina na capa, mas não sabia que era de um filme kkkk não o vi ainda, apesar de gostar bastante do mundo do cinema.
    É uma história forte. Não sei se sinto interesse em ler o livro, mas o filme quero dar uma checada sim.

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  4. Eu ainda não pude ler o livro,mas em contrapartida, acabei vendo o filme, assim que foi lançado!E sem sombra de dúvidas, foi um dos melhores que vi ano passado!
    Realmente essencial e necessário.
    Claro, o livro deve ter muitos detalhes a mais e esse viajar na mente é algo inexplicável.
    Uma história forte, real, dura e crua.
    Com certeza, espero poder conferir o livro em breve!
    Beijo

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  5. Esse livro é tão necessário!
    Aprendi muito com ele, vi uma realidade difícil e me apaixonei por esses personagens e pela escrita da Angie.

    Beijos

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