Em um tour de force sobre amor, solidĂ£o, guerra e arte, Haruki Murakami demonstra toda sua habilidade em construir mundos paralelos e personagens inesquecĂveis.O Assassinato do Comendador
No meio de uma crise conjugal, que o marido nem sabia que estava acontecendo, um casal se separa. O marido abandona TĂ³quio e passa a viver em seu carro, viajando pelo JapĂ£o. Pintor de retratos reconhecido no meio, ele acaba por conseguir uma casa que pertenceu ao famoso Tomohiko Amada. A casa fica nas montanhas, e lĂ¡ ele pode se dedicar Ă prĂ³pria pintura.
Nessa casa de paredes vazias, ele começa a ouvir ruĂdos estranhos e descobre um quadro inĂ©dito intitulado O assassinato do comendador. Ao tirĂ¡-lo de seu esconderijo, ele entra em um mundo estranho em que a Ă³pera Don Giovanni de Mozart, a encomenda de um retrato, uma adolescente tĂmida e, claro, um comendador passarĂ£o a fazer parte de sua vida.
O assassinato do comendador, primeiro romance longo de Murakami apĂ³s 1Q84, Ă© ao mesmo tempo uma aventura emocionante pelo mundo da pintura e uma busca por aquilo que nos torna Ăºnicos.
O surgimento da IDEA #1
Haruki Murakami
Ano: 2018
Ano: 2018
PĂ¡ginas: 360
Idioma: portuguĂªs
Editora: Alfaguara
Idioma: portuguĂªs
Editora: Alfaguara
" As coisas jĂ¡ vinham sendo traçadas em linhas invisĂveis para mim. "
Quem acompanha minha trajetĂ³ria literĂ¡ria sabe como sou apaixonadinha por romances florzinha e livros colegiais, mas este ano inclui em minha resoluções de ano novo ler livros que se enquadram totalmente fora deste meu perfil. Livros que espero me tirem da zona do conforto e de uma certa apatia que tenho ao ler histĂ³rias Ă s vezes bem parecidas.
Enfim...
A cultura japonesa sempre me fascinou mesmo sem entender muito de suas simbologias. HistĂ³rias como a Viagem de Shihiro ou Your Name me desafiaram a ir alĂ©m do Ă³bvio. EntĂ£o, quando me deparei com O Assassinato do Comendador, respirei fundo e me arrisquei na leitura.
O Assassinato do Comendador: o Surgimento da IDEA trouxe para mim um universo rico em cultura seja na mĂºsica, nas artes plĂ¡sticas, na arquitetura ou nas referĂªncias literĂ¡rias.
Nosso protagonista Ă© um homem sem identidade e perdido que se viu sem chĂ£o ao ser abandonado pela esposa por outro homem depois de um casamento de seis anos que, para ele, era feliz e tranquilo. Ele se vĂª sem rumo, abandona o emprego de retratista em TĂ³quio e começa uma viagem pelo JapĂ£o para tentar fugir das lembranças e da crise em que essa situaĂ§Ă£o o colocou. Obviamente, nĂ£o Ă© tĂ£o simples fugir das memĂ³rias ruins, imagine fugir de memĂ³rias que ele considera boas e, pode-se dizer, felizes.
" Nunca fui tĂ£o grato por dirigir um carro manual como naquele dia, porque,em meio aos pensamentos sobre a traiĂ§Ă£o de minha esposa, eu era obrigado a usar minhas mĂ£os e meus pĂ©s em ações concretas."
Depois de um tempo vagando sem rumo, ele aceita a oferta de um amigo de passar uma temporada na casa isolada do pai deste amigo (o renomado artista plĂ¡stico japonĂªs Tomohiko Amada que estĂ¡ internado numa clĂnica para cuidar de Alzheimer), no meio da montanhas e, aos poucos, entre lembranças e angĂºstias, ele vai se redescobrindo, redescobrindo seu gosto pela pintura e seu amor pela vida sem a esposa, mesmo ainda carregando pensamentos sobre porquĂª seu casamento nĂ£o deu certo, porquĂª ele nĂ£o foi suficiente para a esposa, porquĂª ele nĂ£o percebeu que a estava perdendo. Assim como eu, ele precisou sair de sua zona de conforto.
Em meio a isso, ele encontra um quadro abandonado com o tĂtulo O Assassinato do Comendador, diferente do estilo do pintor dono da casa, com uma imagem que o lembra a Ă³pera de Mozart Don Giovani e o deixa intrigado sobre o motivo deste quadro estar escondido e sobre a Ă©poca em que Tomohiko Amada o pintou.
" Um homem vitorioso, outro vencido. Um homem que fere, outro que Ă© ferido."
Junto com o quadro, a neura constante sobre a irmĂ£ falecida, a amizade com o misterioso Watasu Menshiki e o surgimento da IDEA, nosso protagonista irĂ¡ se deparar com situações inusitadas, aparentemente confusas e carregadas de fantasia numa narrativa um tanto arrastada e cheia de simbolismos. Ah! E para quem se pergunta o que Ă© essa IDEA, eu nĂ£o tenho uma explicaĂ§Ă£o concreta ,sĂ³ que me lembrou a figura de Mushu, de Mulan, nĂ£o a parte cĂ´mica do personagem, sĂ³ a ideia do que Ă© o ser, mas nĂ£o sei se Ă© realmente isso.
Apesar de achar que, em alguns momentos, o escritor foi um pouco repetitivo, circulando sempre no ponto da morte da irmĂ£, da traiĂ§Ă£o e do casamento desfeito, entendi depois o intuito dele em realçar bastante a dor do protagonista e a forma como sua vida mudou drasticamente nessas situações.
Um detalhe que achei super interessante Ă© que nos casos do livro sĂ£o as mulheres que traem e querem sexo casual. Algo que, de certa forma, me surpreendeu um pouco, tamanho foi o destaque que o escritor deu neste sentido e jĂ¡ estou com umas suposições sobre a esposa que espero que sejam esclarecidas no livro 2.
A capa Ă© fantĂ¡stica, passando bem a mensagem do livro da surpresa e choque de se sentir apunhalado.
TambĂ©m encarei a leitura de uma forma diferente ao saber que o escritor a escreveu com quase setenta anos pois sempre considero a idade de quem escreve no momento da leitura pois acredito nas influĂªncias e vivĂªncias que a pessoa recebe e tem durante a vida.
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