Leituras da Drica: O doador de memórias, Lois Lowry - Arqueiro


Título Original: The giver

Editora: Arqueiro

Autor: Lois Lowry
Ano: 2014


Sinopse:

Ganhadora de vários prêmios, Lois Lowry constrói um mundo aparentemente ideal, onde não existe dor, desigualdade, guerra nem qualquer tipo de conflito. Por outro lado, também não existe amor, desejo ou alegria genuína.

Os habitantes da pequena comunidade, satisfeitos com suas vidas ordenadas, pacatas e estáveis, conhecem apenas o agora - o passado e todas as lembranças do antigo mundo foram apagados de suas mentes.

Uma única pessoa é encarregada de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis.

Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz ideia de que seu mundo nunca mais será o mesmo.

Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar.

Premiado com a Medalha John Newbery por sua significativa contribuição à literatura juvenil, este livro tem a rara virtude de contar uma história cheia de suspense, envolver os leitores no drama de seu personagem central e provocar profundas reflexões em pessoas de todas as idades.

FASCINANTE! Acho que essa é a melhor palavra para descrever esse livro que, acredito, deveria ser leitura obrigatória para todos que perderam a esperança de lutar por um mundo melhor.

O livro nos apresenta um mundo aparentemente ideal, tudo funciona certinho, tudo tem a época certa para acontecer, onde ninguém tem segredos, não há sofrimento e todos têm emprego, saúde, educação e lazer, além de uma família perfeita. Todo esse processo é sustentado através de pílulas que suprimem emoções, amor e, principalmente, sexualidade. Não há animais de verdade, somente de pelúcia, como o elefante da irmã de Jonas (morreria com isso...). Castigos físicos são empregados em crianças e idosos para minimizar os erros de linguagem e pequenos delitos (ah, meus alunos...), para os grandes delitos é reservada a Dispensa, que Jonas vai descobri mais tarde o que vem a ser.

– Quem quer ser o primeiro desta noite a falar dos sentimentos? – perguntou o pai de Jonas quando terminaram a refeição.
Era um dos rituais, o relato noturno dos sentimentos.
– Animais? – sugeriu Jonas. E deu uma risada.
– Isso mesmo – disse Lily, rindo também –, como animais.
Nenhuma das duas crianças sabia o significado exato da palavra, que ali costumava ser usada para descrever pessoas mal-educadas ou desajeitadas, pessoas que destoavam da comunidade
Aparentemente o sonho de qualquer um, não é? Mas, por outro lado, os desejos e sentimentos são controlados, as pessoas não têm passado ou apenas não se recordam dele, e o futuro é totalmente controlado, restando viver apenas o presente absolutamente monitorado. Será que vale à pena?

- Vocês me amam?
Seguiu-se um silêncio embaraçoso por um momento. Então o Pai deu uma risadinha.
- Jonas, logo você! Precisão de linguagem, por favor!

- Como assim? – perguntou Jonas. Risadas não eram absolutamente o que tinha esperado.
- Seu pai está querendo dizer que você se expressou de forma muito generalizada, com uma palavra tão sem sentido que já se tornou quase obsoleta - explicou-lhe sua mãe em tom cuidadoso.

Jonas os fitou. Sem sentido? Ele nunca havia vivenciado nada mais significativo e tão cheio de sentido do que aquela lembrança.

- E é claro que nossa comunidade não pode funcionar direito se as pessoas não usarem uma linguagem precisa. Você poderia perguntar: “Vocês gostam de mim?” A resposta é “Sim” – disse sua mãe.

- Ou então – sugeriu o seu pai -, “Vocês se orgulham de meus talentos?” E a resposta é, com toda a convicção, “Sim”.

- Compreende porque é inconveniente usar uma palavra como “amor”? – perguntou a Mãe.

Vamos conhecer esse mundo através dos olhos de Jonas, um Onze, assim designadas as crianças que tem onze anos. Tudo começa a se desestabilizar quando Jonas faz 12 anos e receber dos governantes a sua Atribuição, que será a sua profissão para o resto da vida. Em uma Cerimônia tensa, ele recebe a função de Recebedor de Memórias, função de extrema importância que é realizada por apenas uma pessoa por vez, ou seja, Jonas será o responsável por guardar as lembranças e sentimentos que foram retirados de todos os outros habitantes do local pois ele tem a capacidade de ‘ver além’.
Para isso, Jonas será treinado pelo Doador que, à media que passar para Jonas as lembranças que ele armazena, terá o seu fardo aliviado, pois esquecerá das mesmas como qualquer outro cidadão. À medida que recebe as lembranças, Jonas passa a ver o mundo com outros olhos e conhece os sentimentos. Linda a descrição de quando ele percebe que o mundo é colorido. E começa a se questionar se estar sob esse controle é realmente a maneira ideal para se viver, se vale à pena abrir mão das infinitas possibilidades que a vida nos oferece em troca da segurança de viver em mundo onde nada nunca vai dar errado.
“Com sua nova e mais aguçada capacidade de sentir as coisas, uma tristeza esmagadora se apossara dele ao ver outros rirem e gritarem brincando de guerra. Tinha consciência de que não poderiam compreender o motivo daquela tristeza sem as lembranças. Sentia um amor tão grande por Asher e Fiona! Mas os dois não podiam sentir o mesmo por ele sem as lembranças. E Jonas não podia transmiti-las.”
Esse é um livro que nos faz pensar, que nos inquieta e, por isso mesmo, é maravilhoso. Jonas, apenas um garotinho de 12 anos, vai ousar questionar os princípios de uma sociedade supostamente perfeita e nos mostrar que vale à pena lutar pelo que se acredita e que as diferenças são essenciais para a formação de quem realmente somos. Recomendadíssimo! Ah, e não vá ao cinema sem ler antes, temo que muita coisa seja alterada.


Como não gosto de livros com capas de filme, deixo pra vocês a capa original do lançamento de 2009 da Arqueiro

15 comentários

  1. Oi adriana, quero muito ler este livro e ver o filme também. Saber tudinho de ambos.
    Bjs, Rose.

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    1. Oi, Rose, o livro eu garanto: é fantástico. Mas em relação ao filme estou meio com o pé atrás...

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  2. Uma história emocionante e diferente do que estou acostumada a ler. Vou experimentar. Já que você diz que é fantástico, vou confiar.srsrs
    Beijos.

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  3. Nossa, nunca tinha visto a capa original, adorei!
    Eu adorei esse livro, foi uma história tão curta mas tão intensa. A sociedade que eles criam não é a ideal nem de longe, mas é tão fascinante. Só o final que não foi tão bom assim pra mim porque me deixou MUITO curiosa rs

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    1. Na verdade, essa é a capa do filme. A original é bem diferente. Veja: http://www.saraivaconteudo.com.br/Blogs/Post/46910

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  4. Nosso eu ainda não li.. mas parece um mundo muito louco sabe.. sei lá deve ser estranho as pessoas serem certinha demais.. não sentirem nada.. sei lá como corpos vazios..

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  5. Sempre quis ler O Doador de Memórias, pois pelo o que eu já ouvi falar, esse livro é incrível! Eu particularmente gosto desse tipo de livro, porque ele é bem diferenciado dos outros e parece ser um livro que te prende até o final por conta dos suspenses que o envolvem! Eu acho as duas capas fantásticas. <3

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    1. É um livro curto, mas com uma história q te prende o tempo todo.

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  6. Eu queria MUUUUUUUITO ter lido o livro antes de assistir ao filme. Mas não posso dizer que fiquei triste com isso. Sério, chorei no fim. QUE HISTÓRIA INCRÍVEEEEEEEEEEL! Adorei. Pelo jeito o filme é um pouquinho diferente, mas é lindo <3

    Beijos :3

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  7. Oi Dri faz teeempo que estou doida pra ler esse livro..Aprendi a amar Jonas só pelas a s resenha que li do livro.. ameeeei esse menino.. ele nos faz pensar na vida em tuddoo no mundooo, nossa queria mto ler antes de ver o filmee.. espero ler em breve.. ameei a resenha bjoos

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    1. Oi, Helen, Jonas é um menino apaixonante mesmo, mas prefiro o do livro.

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  8. Adriana!
    Estou com o exemplar aqui para ler e já ansiosa porque adoro distopia e essa parece uma daquelas bem escritas.
    Jonas é apenas uma criança, porém pelo visto muito inteligente e questionador.
    Quero ler logo.
    cheirinhos
    Rudy

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