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A Arte de Correr na Chuva, Garth Stein



Enzo sabe que é diferente dos outros cachorros - um filósofo com alma humana. Ele foi educado assistindo aos programas do canal National Geographic e ouvindo todos os conselhos de seu mestre e dono, Denny Swift, um piloto de corridas. Por causa de Denny, Enzo adquiriu uma grande percepção da condição humana e aprendeu a administrar a vida como em uma corrida de Fórmula 1, onde nem sempre a velocidade é a melhor estratégia. Às vésperas de sua morte, Enzo faz uma retrospectiva de sua vida, relembrando tudo o que ele e a família passaram - os sacrifícios que Denny fez para ser bem-sucedido profissionalmente; a perda inesperada de Eve, a esposa de Denny; a batalha do dono para conseguir a guarda da filha, a quem os avós maternos fizeram de tudo para conseguir a custódia... 'A Arte de Correr na Chuva' é um livro modelado nos desejos e absurdos da vida humana.


A Arte de Correr na Chuva
Ano: 2008 
Páginas: 304
Idioma: português
Editora: Ediouro


Sim, vai ter livro com cachorro!

E dessa vez, quem nos conta a história é ele mesmo: Enzo, um cão muito especial. Especial porque, diferente da maioria, Enzo sabe que nasceu no corpo errado. Ele sente que deveria ser humano — e faz de tudo para se preparar para isso.

Enzo é o narrador dessa história inesquecível, escrita por Garth Stein, que também é produtor de cinema, escritor e… piloto de corridas! E isso faz todo o sentido: Enzo é simplesmente apaixonado por automobilismo. Seu ídolo? Ayrton Senna, do Brasil! 💛💚 É da habilidade de Senna em correr na chuva que vem o título do livro.

No começo do livro, Enzo já está velhinho, quase sem forças, e é a partir desse ponto que ele decide relembrar sua trajetória com Denny, seu tutor e melhor amigo.

Criado assistindo à TV enquanto Denny trabalhava, Enzo se tornou um verdadeiro observador do comportamento humano. Ama documentários, é fã de corridas e, num deles, descobre que na Mongólia se acredita que os cães podem reencarnar como humanos. Desde então, esse se torna o grande objetivo de sua vida: absorver tudo, entender tudo, para que um dia ele possa voltar como gente.

Quando Denny se casa com Eve, Enzo precisa aprender a dividir o afeto. Depois, chega Zoe — a quem ele logo se torna protetor fiel e melhor amigo. Mas a vida não é fácil: Denny enfrentará dificuldades na carreira, doenças, perdas e uma batalha judicial dolorosa pela guarda da filha. E Enzo estará ao lado dele em todas as curvas dessa jornada.

Enzo é quase humano: tem senso de humor, paladar exigente, é crítico, perspicaz, observador. Mas, acima de tudo, é leal. Seu amor por Denny é incondicional. E sua presença, constante — mesmo quando tudo parece ruir.

A grande lição desse livro? Que devemos prestar atenção nos detalhes: olhares, sorrisos, silêncios, pequenas nuances que dizem mais do que palavras. Enzo nos ensina que, às vezes, basta observar com o coração.

📚 A Arte de Correr na Chuva é emocionante, sensível, filosófico, engraçado e, sim... você vai chorar. Mas vai terminar com o coração aquecido — e com vontade de ser uma pessoa (ou um cachorro!) melhor.

Mas olha... sou suspeita pra falar, né? Então leia você mesmo e depois me conta o que achou.



" Lembrei! O documentário dizia que, depois que o cachorro morre, sua alma é libertada para o mundo que nos cerca. Sua alma é libertada para correr o mundo, correr pelos campos, aproveitar a terra, o vento, os rios, a chuva, o sol, o...
Quando um cachorro morre, sua alma é libertada para correr até que esteja pronto para renascer. Eu lembro.
- Tudo bem. Quando eu renascer como homem, vou encontrar Denny..."

"Sempre me senti quase humano. Sempre soube que havia algo em relação a mim que era diferente dos outros cachorros. Certo, estou preso no corpo de um cachorro, mas trata-se apenas da carcaça. O que está dentro é que é importante. A alma. E a minha alma é muito humana.”

" - A verdade está dentro de cada um de nós; a verdade absoluta. Mas às vezes a verdade se esconde em uma sala de espelhos."

“Existem tantas coisas que são ditas sem uma palavra. Existem tantas coisas que são ditas com olhares, gestos e sons. As pessoas ignoram a enorme complexidade dos próprios meios de comunicação. ”


“…Quanto a mim, fui encontrando formas de contornar a loucura. Treino minha maneira humana de andar, por exemplo. Treino a mastigação lenta da comida, como fazem os humanos. Estudo os programas da televisão para descobrir dicas sobre comportamento e para aprender a reagir em determinadas situações. Na minha próxima vida, quando eu nascer de novo como pessoa, serei praticamente um adulto no momento em que sair do útero, por causa de toda a minha preparação…”


" Viver cada dia como se tivesse sido roubado da morte, é assim que eu gostaria de viver. Sentir a alegria de viver, como Eve sentia. Afastar as aflições, os temores, as angústias que enfrentamos todos os dias. Dizer 'Estou vivo', 'Sou maravilhoso', 'Eu sou'. Eu sou. Isso é algo a que devemos aspirar. Quando for uma pessoa, é assim que vou querer viver a vida."

Crenshaw, K. A. Applegate



São tempos difíceis para Jackson e sua família. O dinheiro para o aluguel acabou. E talvez não sobre nada para as compras do mês. Mais uma vez, seus pais, sua irmã e sua cachorrinha terão de deixar o prédio onde moram para viver em uma minivan.

Mas, pior do que a falta de dinheiro e as incertezas com relação ao futuro, é a mania dos pais de Jackson de tentarem encobrir os problemas. O garoto é jovem demais para entender a situação, é o que eles pensam. Na verdade, é o que todos pensam.
Todos, exceto Crenshaw.

Crenshaw é um gato… um gato gigante e imaginário. E é ele quem vai ajudar Jackson a encarar de frente a dura realidade. No início, o menino tenta rejeitá-lo como um mero produto de sua imaginação, afinal, quem aos dez anos ainda é capaz de ter amigos imaginários? Mas a sinceridade e a sabedoria do gato começam a ecoar em sua vida.

Ninguém precisa carregar o peso do mundo sobre os ombros, Jackson menos ainda. E o sarcástico Crenshaw é o companheiro que ele realmente precisa. Alguém imaginário o suficiente para lhe dizer algumas verdades.

Com uma narrativa elegante e comovente, Katherine Applegate trata com delicadeza de temas difíceis, como a pobreza e a fome.


Crenshaw
A fome da imaginação
Ano: 2016 
Páginas: 224
Idioma: português
Editora: Plataforma21

Pensem em um livro fofo. Fofo mesmo! Muito fofo! Fofíneo! Mas também cheio de mensagens nas entrelinhas. Esse é Crenshaw.

Sabe quando você começa a ler um infanto juvenil achando que vai ser pra dar risada e se divertir e leva uma puxada de tapete? Isso é o que a Katherine Applegate faz com você ao longo dessa história.

Se você já leu o Pequeno Príncipe em várias épocas da sua vida e se deparou com mensagens diferentes em cada uma delas, te garanto que esse livro fará o mesmo com você.

“Às vezes eu só queria ser tratado como um adulto. Queria ouvir a verdade, mesmo que não fosse uma verdade feliz. Eu entendia as coisas. Sabia bem mais do que eles pensavam.”

A história é contada por Jackson, garotinho que está vivendo um dilema ou uma aventura, dependendo do seu ponto de vista: ele, sua irmã, sua cachorra Aretha e seus pais talvez tenham que deixar a casa em que moram para morar em uma minivan, pois a situação financeira da família não está nada boa...

“A fome pode fazer a gente se sentir bem estranho. Até meio maluco.Comi minha primeira jujuba devagar e com cuidado. Se a gente dá mordidas pequenas, a comida dura mais.”

Como se não bastassem as suas preocupações, Jackson começa a ver novamente o seu amigo imaginário, um gato gigante e desajeitado chamado Crenshaw, que tem o objetivo de ajudar Jackson a ir pelo caminho certo, não fazer besteiras e inquieta-lo nas horas cruciais.

“A gente tinha parado numa mercearia porque Robin tinha que ir ao banheiro. Ela queria alguma coisa pra comer, mas minha mãe disse pra esperar até mais tarde...Então eu vi a papinha de bebê. Enfiei dois potes de sabor frango arroz nos bolsos. E foi rápido e fácil...Mas a verdade era esta: eu me sentia mal por ter roubado. Mas me sentia ainda pior por causa da mentira.Se você gosta de fatos como eu, tente mentir uma hora dessas, Vai ficar surpreso com como é difícil.”


Mas Jackson não fica muito feliz com o retorno de Crenshaw... Ele se acha grande o suficiente para tirar de letra todos os acontecimentos terríveis por que está passando.

“O negócio é o seguinte: eu não sou o tipo de cara que tem amigos imaginários.Sério. Neste semestre começo o quinto ano. Na minha idade, não é bom ter fama de louco.Eu gosto de fatos. Sempre gostei. Coisas verdadeiras. Fatos como dois-mais-dois-igual-a-quatro. Fatos como espinafre-tem-gosto-de-meias-de-ginástica-sujas.”

Apaixonado por fatos, ele acredita que para tudo existe uma explicação e a presença de um amigo imaginário não é lógica nesse momento. Principalmente por que Crenshaw esteve ausente da sua vida por muitos anos, Jackson cresceu e já sabe que amigos imaginários são apenas isso: frutos da nossa imaginação. Então por que ele voltou???

“Amigos imaginários são como livros – Somos criados, somos desfrutados, somo dobrados e amassados, e então somos guardados até que precisem de nós mais uma vez.“

A presença de Crenshaw é o faz Jackson viver esse momento de incertezas. Engraçado, genioso, temperamental, e muito esperto. Ele será a proteção de Jackson nos momentos mais difíceis... a vida na minivan, as apresentações nos sinais em busca de dinheiro, o novo apartamento e a amizade com Marisol.

“ Eu não sabia como contar para Marisol por que estávamos indo embora...Eu decidi inventar uma história sobre um parente doente e que a gente tinha que cuidar dele, e que tudo aconteceu bem de repente. Mas assim que comecei a falar, Crenshaw se inclinou e sussurrou na minha orelha:- A verdade, Jackson...E então contei tudo para ela. Contei sobre como eu estava preocupado e como a gente passava fome às vezes e como eu estava com medo do que ia acontecer.”

Numa escrita leve e de fácil compreensão, a autora trata de assuntos tão delicados para uma criança de maneira leve e poética, nos mostrando que todos precisam de imaginação, desse lugar fantástico onde tudo é possível. Nem que seja como um refúgio para aliviar as nossas dores...


Bruxas Literárias, Taisia Kitaiskaia e Katy Horan

 

 Se toda mulher é bruxa, o que dizer das mulheres que usaram uma dose extra de magia para tecer enredos imortais, conjurar personagens inesquecíveis e plantar poemas exuberantes como árvores frondosas?


Partindo desta premissa, a autora Taisia Kitaiskaia e a ilustradora Katy Horan reuniram um coven e tanto em Bruxas Literárias, convocando autoras como Mary Shelley e Agatha Christie, passando por Safo, Emily Dickinson, Toni Morrison, Virginia Woolf, Audre Lorde, Emily Brontë e Octavia Butler. Vindas de diferentes países, culturas e épocas, estas e outras bruxas literárias formaram um círculo em DarkLove, convocando todos a lhe darem as mãos em uma celebração da força e do poder das mulheres através dos tempos.


Com a chinesa Eileen Chang, acendemos uma vela para os amores naufragados. A iraniana Forugh Farrokhzad nos desafia a provar a poção mágica das novas paixões. A argentina Alejandra Pizarnik nos mostra como transitar entre os fantasmas da memória. As palavras encantadas da poeta hindu Mirabai carregam nossos anseios como fumaça de incenso e a japonesa Yumiko Kurahashi nos ensina a abraçar a mulher selvagem que mora em todos nós.


Reunindo trinta autoras de todos os cantos do mundo, Bruxas Literárias recria essas escritoras como as feiticeiras das palavras que elas são: mulheres ousadas, de criatividade e originalidade ímpares. Cada perfil é apresentado com três instâncias imaginativas das autoras, seguidas por breve biografia e sugestões de leitura.


Para a edição brasileira, a DarkSide® Books apresenta uma galeria especialíssima, com três bruxas literárias nacionais: Carolina de Jesus, Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles. Recriadas com as ilustrações fascinantes e enigmáticas de Gabee Brandão, a tríade brasileira ganha vida eterna nas páginas deste livro encantador e enfeitiçado. Com texto lírico e valente, afinado com a alma DarkLove, Bruxas Literárias abrasa nossa chama interior com um livro-oráculo que nos guia à nossa essência mágica.


Bruxas Literárias

Alquimia das Palavras

Taisia Kitaiskaia e Katy Horan

Ano: 2021 

Páginas: 144

Idioma: português

Editora: DarkSide®Books


O novo selo Magicae da DarkSide estreou em grande estilo, buscando trazer temas sobrenaturais e sobre a magia que está em nós, o lançamento que marca essa estreia é Bruxas Literárias, Alquimia das Palavras. 


Segundo as autoras, bruxa literária são todas as mulheres escritoras que tem uma magia especial, são agentes da mudança, conjuram mundos a partir de palavras, criam coisas e tem o dom da transformação. 


Bruxas literárias nos apresenta 30 mulheres escritoras de língua estrangeira que deixaram seus nomes na história da literatura e da humanidade. Mulheres que marcaram época e cujo legado permanece até hoje como Sylvia Plath, Toni Morrison, Emily Dickinson e Mary Shelley são recriadas em belíssimas ilustrações e apresentadas através de pequenos textos mágicos e criativos, mostrando o poder particular de cada uma, além de uma pequena biografia e sugestão de obras autorais. À edição brasileira somam-se as nosas bruxas literárias Carolina de Jesus, Lygia Fagundes Telles e Clarice Lispector acrescentadas à edição brasileira.  


Um livro que não requer uma leitura contínua e você pode escolher aleatoriamente qual bruxa quer conhecer primeiro. Uma edição rica em informações e beleza, dignas de colecionador e com o peso de um livro cheio de magia. 


Bruxas Literárias é uma oportunidade de conhecer, enaltecer e reverenciar mulheres poderosas em sua essência, que tiveram coragem de subverter o sistema, enfrentar o preconceito e usar o seu poder para nos oferecer um mundo melhor. 

A gigantesca barba do mal



Na ilha de Aqui tudo é meticulosamente organizado e certinho. As ruas são asseadas, a grama é bem aparada e os homens são rigorosamente barbeados. Dave não foge à regra. Tem um emprego que lhe permite pôr em prática todo o seu senso de organização, bem como distrair a mente de pensamentos indesejáveis, e encontra paz numa rotina totalmente ordeira.

Num dia fatídico, porém, Dave se vê como a raiz de um gigantesco problema: uma barba que irrompe de seus poros e desafia a lógica e a ciência. Logo ela se tornará uma questão de segurança pública e irá abalar as estruturas de Aqui, figurativa e literalmente. Uma fábula arrojada, que faz lembrar Roald Dahl e convida a refletir sobre algumas das questões humanas deste século.


A gigantesca barba do mal
Stephen Collins
Ano: 2016  
Páginas: 240
Idioma: português
Editora: Nemo

Dave é um cidadão comum de Aqui, uma ilha onde tudo é meticulosamente organizado e racional. Os moradores vivem uma rotina rígida, e qualquer coisa que fuja disso é evitado. Do outro lado do mar está Lá, um lugar misterioso e temido, representando o desconhecido e tudo aquilo que foge do controle.


Mas um evento inusitado muda a vida de Dave: um único pelo em seu rosto começa a crescer sem parar, transformando-se em uma barba incontrolável. Dave perde o emprego, sofre preconceito e sua condição se torna um problema de interesse público. O governo, alarmado, busca maneiras de lidar com essa ameaça.


Assim Stephen Collins utiliza a barba de Dave para falar de temas como o medo do desconhecido e a rejeição ao que é diferente, afinal ela simboliza a transgressão, a quebra com o padrão imposto pela sociedade. O autor faz uma crítica sutil e bem-humorada à forma como lidamos com mudanças e como algo inicialmente visto como anormal pode, com o tempo, ser absorvido e até mesmo transformado em tendência.


Além da narrativa cativante, o visual da HQ reforça sua mensagem. A arte toda em preto e branco transmite a rigidez de Aqui. 


Outro detalhe interessante é a obsessão de Dave pela música "Eternal Flame", da banda The Bangles. A melodia e a letra dialogam com o enredo, reforçando a dualidade entre estabilidade e mudança.


Com uma trama instigante e cheia de metáforas sobre a sociedade, "A Gigantesca Barba do Mal" é uma leitura imperdível para quem gosta de histórias que fazem refletir. Uma HQ que, sem dúvidas, merece ser lida mais de uma vez!


Sob a capa vermelha, Mariana Vitória


Vencedor do concurso Sua história nos 10 anos da Galera traz uma jornada sombria inspirada em A Chapeuzinho Vermelho.
Norina sempre temeu os Indomados, mesmo nunca tendo visto um deles. Criada em um casebre por toda sua vida, a garota os imaginava como monstros, tomados por sua besta interior e abandonados pelos Doze Deuses. Até o dia que sua mãe adotiva, Ros, conta a menina que ela é um deles. Desde então, as cinzas das Domas, rituais onde os Indomados são queimados, são um lembrete constante do perigo que ela e sua mãe correm. A garota precisa continuar escondida. Viira, a Rainha imortal e filha dos Doze Deuses, tem outros planos para Norina e a envolve em uma trama para conquistar Gizamyr, reino dos homens-lobo. Com a mãe em uma masmorra, Norina não tem outra escolha a não ser embarcar para o país inimigo, com a capa vermelha da falecida princesa Mirah, esperando que o plano elaborado pela Rainha funcione. A garota então precisa atravessar um mundo que ela achou que nunca veria, onde aqueles como ela são odiados e mortos todos os dias. Entre ser tratada como escória pelos cavaleiros de Viira e interpretar uma princesa em um delicado jogo diplomático, Norina vai descobrir que abraçar a si mesma pode não ser a escolha mais fácil, mas algumas vezes é a única possível.
Sob a Capa Vermelha
Ano: 2018 
Páginas: 362
Idioma: português
Editora: Galera Record


Inspirado de forma sombria e criativa no clássico “Chapeuzinho Vermelho”, Sob a Capa Vermelha, da autora Mariana Vitória, é uma fantasia nacional que surpreende com sua mitologia única, personagens cativantes e uma trama intensa sobre identidade, lealdade e resistência.

Norina cresceu isolada do mundo, temendo os Indomados — criaturas vistas como monstros e condenadas à morte em Tergaron. O que ela não esperava era descobrir que ela mesma é uma Indomada, e que o lobo que vive dentro de si é sua maldição e, ao mesmo tempo, sua força. Quando sua mãe adotiva desaparece misteriosamente, Norina se vê forçada a fazer parte dos planos da Rainha das Rainhas, Viira, e embarca para Gizamyr, o reino dos homens-lobo, sob a identidade da princesa morta Mirah.

A narrativa intercala GGos dilemas internos de Norina com o caos do mundo externo. Um dos pontos altos da obra é a construção de um universo original, repleto de deuses, rituais e criaturas sobrenaturais, que enriquecem a ambientação e dão profundidade à trama. A mitologia criada pela autora se diferencia ao trazer novos elementos à fantasia, sem perder o tom sombrio que a história exige.

Diferente de muitas fantasias tradicionais, o livro foca no amor entre mãe e filha, tornando esse vínculo o verdadeiro motor da narrativa. A relação entre Norina e Ros é sensível, tocante e retratada com autenticidade, destacando a importância do afeto mesmo em tempos de guerra e opressão. Outro acerto da autora está na variedade e complexidade dos personagens: desde Norina, com sua força silenciosa, até Viira, uma antagonista multifacetada que intriga e surpreende.

Apesar de um desfecho um pouco apressado e algumas escolhas narrativas que podem causar frustração (como mortes que pareceram evitáveis), Sob a Capa Vermelha é uma estreia promissora de Mariana Vitória. A autora mostra domínio ao criar uma história rica em reviravoltas e emoção, provando que a fantasia nacional tem muito a oferecer.

Se você busca uma leitura que mistura magia, política, identidade e coragem — com um toque sombrio de contos de fadas —, Sob a Capa Vermelha é uma excelente pedida.