À convite: Ilmara Fonseca - O perfume da folha de chá, Dinah Jefferies

Em 1925, a jovem Gwendolyn Hooper parte de navio da Escócia para se encontrar com seu marido, Laurence, no exótico Ceilão, do outro lado do mundo. Recém-casados e apaixonados, eles são a definição do casal aristocrático perfeito: a bela dama britânica e o proprietário de uma das fazendas de chás mais prósperas do império.
Mas ao chegar à mansão na paradisíaca propriedade Hooper, nada é como Gwendolyn imaginava: os funcionários parecem rancorosos e calados, e os vizinhos, traiçoeiros. Seu marido, apesar de afetuoso, demonstra guardar segredos sombrios do passado e recusa-se a conversar sobre certos assuntos. Ao descobrir que está grávida, a jovem sente-se feliz pela primeira vez desde que chegou ao Ceilão. Mas, no dia de dar à luz, algo inesperado se revela. Agora, é ela quem se vê obrigada a manter em sigilo algo terrível, sob o preço de ver sua família desfeita.
O perfume da folha de chá
Dinah Jefferies
Tradução: Alexandre Boide 
Ano: 2017 
Páginas: 432
Editora: Paralela


Quando soube da existência desta obra a primeira coisa que me chamou a atenção foi a capa! Pode parecer estranho, pois quem me conhece sabe que este é um dos detalhes que observo por último em um livro; mas esta capa em especial me levou para a trama do livro, da personagem e fiquei bastante interessada. Minha vontade aumentou quando li a sinopse e vi que se tratava de um livro que trazia temas como maternidade, família e relacionamento amoroso. Além disso, o recuo histórico foi um outro ponto positivo que me cativou e todos estes elementos fizeram com que a leitura de O perfume da folha de chá fosse uma aventura agradável e prazerosa. Vamos conhecer um pouco mais sobre esta história? 

O cenário da narrativa de Jefferies é o Ceilão de 1925. Vale a pena tecer um breve parênteses aqui sobre o local onde se passa a obra. O Ceilão é a antiga designação da ilha do oceano Índico que constitui o atual Sri Lanka. Está localizado no subcontinente indiano e teve esta denominação até 1972, quando passou a se chamar Sri Lanka. Na época descrita na história, este território pertencia ao império britânico. O tempo da narrativa cobre o período entre 1925 e 1934, e acontece em uma fazenda de cultivo de chá que na época era um dos setores fortes da economia local. 

Voltando à história, tudo começa em 1925, quando a nossa protagonista, Gwen, tem apenas 19 anos e se apaixona por Laurence, viúvo há doze anos e quase 20 anos mais velho que ela. O sentimento se revela recíproco e eles se casam. Como toda a vida de seu marido está centrada no Ceilão, por conta de seus negócios (ele é um rico empresário do ramo de chás) Gwen tem que deixar o seu lar e ir morar neste local desconhecido e exótico que fica do outro lado do mundo. 

No começo tudo são flores, mas aos poucos a rotina dessa nova vida vai revelando facetas de seu marido que ela desconhecia. Ao mesmo tempo em que não se sente bem recebida pelos criados da casa e nem pela família do esposo, personificada especialmente pela sua irmã, Verity, que é tutelada de Laurence, pois os seus pais morreram. Gwen tem que lidar com a falta de comunicação entre ela e Laurence e também com os espaços em branco que ele vai deixando e que a imaginação dela vai tentando desvendar. Há uma áurea de mistério envolta na morte da primeira esposa, mas nada é realmente o que parece ser e eu não posso falar mais senão será spoiler. 

Toda a angústia que a personagem vai acumulando durante esse tempo se atenua um pouco quando ela descobre que está grávida. Mas ao dar à luz ela é confrontada com uma outra situação e precisa fazer uma escolha. E é partir daí que a narrativa vai se desenvolvendo e nos surpreende com seus caminhos e com as descobertas que nos são reveladas. 

A capacidade descritiva da autora é muito boa, conseguimos nos transportar para o Ceilão e suas lindas paisagens, bem como compreender e absorver muito dos costumes e tradições. A autora também inclui na sua escrita elementos históricos da época, o que confere uma autenticidade e ajuda a compreender o espaço da narrativa e o comportamento dos personagens.

Falando nisso, outro ponto que merece destaque é a construção dos personagens. São bem construídos e marcantes. Principalmente os personagens secundários, que dão um suporte na construção da trama. Além de Verity, merece destaque Savi Ravashinge. Ele é um bom homem e atencioso, mas não é visto com bons olhos por Laurence, que demonstra uma forte antipatia principalmente pelo fato dele pertencer a uma outra etnia. 

O livro retrata um período longo de tempo e por isto os seus diálogos são breves e objetivos e a sua escrita é bem dinâmica. O perfume da folha de chá, para além do romance, traz uma história de superação, determinação e amor. Fala sobre o peso das nossas escolhas e o papel da família e da maternidade em um mundo que era (e ainda é) baseado muito mais nas aparências do que nas essências. 

Por fim, posso dizer que o livro traz uma história com elementos distintos, que vai agradar a leitores diversos e passa uma mensagem muito profícua sobre o mundo e as relações entre as pessoas. A diagramação e a capa completam este cenário com a beleza e delicadeza dignas de um romance de época. Tudo isto faz de O perfume da folha de chá um livro muito bem recomendado. 


2 comentários

  1. Os comentários acerca do livro foram maravilhosos. Estou lendo ele agora e estou adorando. O livro tem uma carga dramática maravilhosa, do jeito que gosto, e a tensão do drama acontece desde o início.

    Bjux
    Diego, Blog Vida & Letras
    www.blogvidaeletras.blogspot.com

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    Respostas
    1. Sim, Dy! O drama é a mola mestra desta narrativa e você também irá se apaixonar pelos personagens. Um beijão! ;)

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