Cinzas na neve, Ruta Sepetys

PUBLICADO ORIGINALMENTE COMO A VIDA EM TONS DE CINZA.
Lina Vilkas Ă© uma lituana de 15 anos cheia de sonhos. Dotada de um incrĂ­vel talento artĂ­stico, ela se prepara para estudar artes na capital. No entanto, a noite de 14 de junho de 1941 muda para sempre seus planos.
Por toda a regiĂ£o do BĂ¡ltico, a polĂ­cia secreta soviĂ©tica estĂ¡ invadindo casas e deportando pessoas. Junto com a mĂ£e e o irmĂ£o de 10 anos, Lina Ă© jogada num trem, em condições desumanas, e levada para um gulag, na SibĂ©ria.
LĂ¡, os deportados sofrem maus-tratos e trabalham arduamente para garantir uma raĂ§Ă£o Ă­nfima de pĂ£o. Nada mais lhes resta, exceto o apoio mĂºtuo e a esperança. E Ă© isso que faz com que Lina insista em sua arte, usando seus desenhos para enviar mensagens codificadas ao pai, preso pelos soviĂ©ticos.
Cinzas na neve conta a histĂ³ria de um povo que perdeu tudo, menos a dignidade, a esperança e o amor. Para construir os personagens de seu romance, Ruta Sepetys foi Ă  LituĂ¢nia a fim de ouvir o relato de sobreviventes dos gulags durante o reinado de horror de Stalin.
Cinzas Na Neve
Quando a voz de uma garota quebra o silĂªncio da histĂ³ria
Ano: 2019 
PĂ¡ginas: 240
Idioma: portuguĂªs 
Editora: Arqueiro

“NĂ³s estĂ¡vamos no fundo do oceano, mas ainda assim tentĂ¡vamos alcançar o cĂ©u.”

Cinzas na neve conta a histĂ³ria de Lina, uma garota sonhadora e doce que viu seu mundo ruir sem a menor explicaĂ§Ă£o e que precisou encontrar forças junto com a mĂ£e e o irmĂ£o mais novo para enfrentar o desconhecido. Um desconhecido que se descortina para ela na forma de um vagĂ£o imundo de um trem lotado de pessoas que, assim como ela, nĂ£o sabiam porquĂª estavam ali e para onde iam.

No trajeto atĂ© seu destino, ela começa a conhecer os horrores a que vĂ¡rias  pessoas estavam sendo submetidas enquanto tenta descobrir para onde seu pai foi levado. Entre amizades e maus tratos, Lina enfrenta corajosamente a fome, a desesperança, as doenças  e os trabalhos forçados.

Como forma de alertar outras pessoas sobre o que estava acontecendo e dar sinais para o pai de onde estavam, ela desenha  pequenos detalhes sutis sobre seu paradeiro e das pessoas a sua volta.

“ Segundo papai, os cientistas achavam que, vista da Lua, a Terra era azul. Naquela noite acreditei nisso. Iria desenhar a Terra toda azul, pesada de lĂ¡grimas. Onde estaria papai? Fechei os olhos.”

O livro acompanha os dois primeiros anos da garota e do que restou de sua famĂ­lia nos campos de trabalhos forçados com poucas descrições das brutalidades a que eram submetidos. Graças ao Deus! Pois sofro tanto lendo estas histĂ³rias mesmo que fictĂ­cias. Senhor! Porque existem pessoas tĂ£o cruĂ©is?
Enfim...

Narrado em primeira pessoa por Lina com ares de diĂ¡rio, Cinzas na Neve traz um relato sofrido e, mesmo assim, leve, repleto de momentos de doçura e companheirismo, coragem e força, tensĂ£o e angĂºstia, mostrando como os paĂ­ses bĂ¡lticos foram brutal e covardemente destruĂ­dos com populações inteiras sendo dizimadas apenas por  serem considerados criminosos por Stalin.

A escritora, magistralmente, cria uma obra poĂ©tica com vĂ¡rias referĂªncias Ă s pinturas do norueguĂªs Munch que Ă© a grande inspiraĂ§Ă£o de Lina em seus desenhos. Um grande grito de alerta, com fatos cuidadosamente pesquisados por ela na LituĂ¢nia e trazidos para nĂ³s de forma clara e muito bem escrita.



“ Minha mĂ£o começou a se mover para traçar linhas curtas, leves. Respirei fundo. Traços fluidos. Aos poucos, a Sra. Arvydas foi surgindo no papel. Seu pescoço comprido, seus lĂ¡bios carnudos. Enquanto desenhava, pensei em Munch e em sua teoria segundo a qual a dor, o amor e o desespero eram elos de uma corrente infinita.”

Uma leitura obrigatĂ³ria para todo e qualquer ser humano para conhecer um momento triste da histĂ³ria e que, infelizmente, ainda se repete atĂ© os dias de hoje em outros locais assolados por ditaduras e guerras. Um momento para  dar valor Ă  vida e Ă  liberdade.

A capa estĂ¡ perfeita para o livro e confesso que foi o que mais me atraiu junto com a ideia de conhecer um pouco dos gulags russos.



Um comentĂ¡rio

O seu comentĂ¡rio alegra o nosso dia!!!