Ponti, Sharlene Teo

Na Cingapura da dĂ©cada de 1970, a estonteante Amisa Ă© a estrela de um filme B que jamais estourou, mas acabou se tornando um Ă­cone cult do cinema de terror. Descoberta por um tradutor e escalada para interpretar a "pontianak" - uma criatura canibal da mitologia malaia, uma jovem com deformidades que vende sua alma em troca de ser novamente bela -, esse foi seu grande e Ăºnico papel.
Amisa Ă©, de fato, linda. DĂ©cadas se passaram e ela ainda recebe cartas e presentes de fĂ£s. Isso Ă© um fardo que pesa nas costas de Szu, a filha adolescente, eternamente inadequada Ă  sombra da figura mĂ­tica e controladora da ex-atriz. Szu vive uma vida sufocada nĂ£o sĂ³ pela umidade quente da cidade, mas tambĂ©m pela mĂ£e, pela casa despedaçada onde moram com a tia, pela falta de perspectivas, pela ansiedade e pelo tĂ©dio da escola. Uma existĂªncia tĂ³xica e desoladora que ganha fĂ´lego na improvĂ¡vel amizade que surge entre ela e Circe - a garota privilegiada e sarcĂ¡stica que invade o universo claustrofĂ³bico de Szu e muda tudo.
Longe de replicar o esteriĂ³tipo da tĂ­pica dupla de amigas do high-school que tanto estamos acostumados a consumir - a tĂ­mida e descolada que vira par da livre e desinibida e toma um porre da sangria na festa da turma -, Szu e Circe se complementam e se repelem, ao mesmo tempo fortes e vulnerĂ¡veis.
Como a maioria da parcerias de juventude na vida real, a delas tambĂ©m se desfaz. No futuro, sem nunca mais terem tido contato, Circe voltarĂ¡ Ă s lembranças daquela amizade e Ă  culpa que pesa em sua consciĂªncia.
Contado da perspectiva das trĂªs mulheres em momentos distintos de suas vidas, Ponti Ă© um romance que nos prende imediatamente com sua estranheza familiar - a cidade de Cingapura, impregnada de um calor Ăºmido e cuja mitologia em muitos pontos se toca com a nossa, no Brasil, atrai nosso olhar como aquela pessoa a quem acabamos de ser representados, mas parece que jĂ¡ conhecemos hĂ¡ sĂ©culos. É a estreia primorosa de uma nova escritora que vai surpreender vocĂª.
Ponti
IntrĂ­nsecos #7
Ano: 2019 
PĂ¡ginas: 274
Idioma: portuguĂªs 
Editora: IntrĂ­nseca


Szu, Amisa e Circe. Uma uniĂ£o marcada pelas emoções nĂ£o libertadas, estampadas apenas no semblante escuro e misterioso, escondido facilmente pelas circunstĂ¢ncias da rotina diĂ¡ria. AdmiraĂ§Ă£o, raiva e desistĂªncia, sentimentos muito fortes para essas mulheres aguentarem caladas.⁣⁣

Amisa foi uma atriz de cinema sem sucesso. Estreou na trilogia Ponti, filmes de terror que prometiam ser um sucesso, mas que foram apenas um orçamento furado e sem futuro. Szu, filha de Amisa, vive Ă  sombra da mĂ£e, que Ă© linda e atraente, enquanto ela nĂ£o consegue se encaixar em nenhuma “naturalidade feminina”. ⁣⁣

Mas nem a sua antipatia com a sociedade serĂ¡ capaz de impedir o nascimento da sua amizade com Circe, uma garota privilegiada e divertida do seu colĂ©gio. ⁣⁣
Narrado pelos trĂªs pontos de vista, em perĂ­odos diferentes, conheceremos os dramas de suas vidas pessoais num lugar quente e abafado como Cingapura. ⁣⁣

Conheceremos como Amisa adquiriu um comportamento duro e fechado durante sua vida; como Szu lida com seus problemas adolescentes e familiares; e como Circe ainda Ă© cercada pela sombra de Ponti!, anos depois de romper o contato com a pessoa que foi sua amiga.⁣⁣

Ponti Ă© o berço de personalidades diferentes que guardam sentimentos que deveriam ser colocados para fora. Numa escrita suave e fluida, vamos traçando um caminho cruzado entre a vida das personagens, costurando o presente, passado e futuro numa histĂ³ria sĂ³.⁣⁣

Eu gostei da leitura, que me tirou da minha zona de conforto e me proporcionou conhecer uma cultura que nĂ£o Ă© muito vista nos livros. A falta de grandes acontecimentos nĂ£o impede de Ponti ser uma histĂ³ria envolvente e que guarda uma faĂ­sca de esperança no final.⁣⁣ ⁣⁣

Foi minha primeira experiĂªncia com a #intrinsecos e eu gostei muito do resultado. Com certeza Ponti serĂ¡ muito admirado assim que ele chegar Ă s lojas. Aguardem para conferir!



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