Da Liberdade Individual e Econômica, John Stuart Mill

Base para o pensamento político liberal moderno, este tratado de um dos maiores pensadores da história, debate o conceito de liberdade e exalta a individualidade, a diversidade e a inconformidade, como comportamento saudável das civilizações. Explorando quais são os limites do governo na vida do indivíduo, o autor foi um dos pioneiros a refletir o papel da autoridade social e a soberania individual. Trata-se de um relato poderoso, que conceitua princípios extremamente atuais. As palavras de Mill sobre a necessidade de proteger a liberdade individual da “tirania da maioria” continuam altamente influentes. Elas integram sua defesa da liberdade de expressão como um processo de determinação da verdade, bem como o direito de ser “protegido” da falsidade é o mesmo que ser “protegido ou impedido” da possibilidade de conhecer a verdade. Neste livro, você encontrará o pensamento sobre as liberdades básicas, suas máximas e suas objeções à intervenção dos governos e instituições. Uma obra atemporal que constitui um documento histórico em que se baseiam todas as discussões nas sociedades democráticas.
Da Liberdade Individual E Econômica - Princípios Do Pensamento Liberal
John Stuart Mill
Ano: 2019
Páginas: 160
Idioma: português 
Editora: Faro


Mais um livro para cumprir minha resolução de fim de ano de não ler somente romance em 2019 e que grata e intrigante surpresa! Confesso que peguei ele graças a frase de capa.

“ Se apenas uma pessoa fosse de opinião contrária, a humanidade não poderia silenciar sua voz.”

Concordo plenamente e fiquei curiosa para saber qual era o pensamento do escritor sobre o Liberalismo Social. Sou bem leiga em filosofia, ainda mais filosofia política, mas John Mill me conquistou de cara com sua dedicatória amorosa para a esposa em uma época em que a mulher ainda lutava para ter voz e vez já que o livro foi publicado pela primeira vez em 1859.

“ Dedico este livro à amada e pranteada memória daquela que foi a inspiradora e, em parte, a autora de tudo o que há de melhor em meus escritos, a amiga e esposa cujo elevado senso de verdade e justiça era o meu mais forte estímulo e cuja aprovação era a minha principal recompensa.”

Não teve como meu coração romântico não suspirar, mesmo sabendo que não foi este o intuito dele.

Este é daquele tipo de livro para ler devagar, ruminando cada pensamento e comparação pois o texto é bem denso. Como já disse a data de publicação, você já pode imaginar o quão formal é a linguagem usada em comparação com os escritos mais contemporâneos. Mas não é complicada e com os exemplos que ele usa se torna fácil entender sua visão. Ele explica bem o processo do pensamento por trás de suas opiniões. 


John Stuart Mill sugere que devemos tolerar opiniões diferentes das nossas e da nossa sociedade, porque isso permite que, juntos, encontremos a verdade. Existem, é claro, limites para nossas próprias opiniões quando elas esbarram e prejudicam o outro. É incrível sua visão da condição humana em relação aos processos de pensamento, como o ego pode convencer a mente de que é a única opinião aceitável e como o dito senso comum pode pré julgar os outros. 

Mesmo tendo sido impresso há mais de cento e cinquenta anos, o autor teve uma incrível clareza em explicar como o corpo político encorajava pontos de vista opostos naquela época e em outras anteriores. Mill mostra exemplos diversos e bastante interessantes em uma perspectiva bastante moderna. Eu definitivamente acho que qualquer um que pense em censura ou que os limites da liberdade de expressão deveriam ser controlados, deveria considerar ler este livro e, de preferência, discuti-lo com outras pessoas. Sua discussão é muito atual, pois estamos cada vez mais mergulhados no que eu chamo de Ditadura das Palavras e no que ele chamou de Tirania da Maioria.

Este assunto exige muita reflexão, porque é muito difícil pensar de novas maneiras, enxergar novos olhares e, o mais difícil para muitos, que é perceber que não podemos julgar o passado com a cabeça do presente. Os argumentos de Mill para tolerância de opiniões (não prejudiciais a outros) são difíceis de refutar (na minha leiga opinião). Ele considera os argumentos contra suas posições e acho que os responde razoavelmente bem durante este ensaio.

O ponto de vista básico de Milll é simples: as pessoas devem ser deixadas livres para pensar e fazer o que quiserem, a menos que o que estejam fazendo cause danos reais aos outros. O ensaio de Mill dá razões para este princípio de liberdade de pensamento e expõe o que ele significa na prática.

Fiquei fascinada principalmente pelos exemplos usados de Sócrates, Jesus Cristo e do imperador Marco Aurélio. Levei esta discussão até meu marido e uma colega de trabalho que sempre são entusiastas de que cada um deve ter liberdade para opinar sem agredir a opinião do outro e achei bem pertinentes as colocações do autor. Por ser ateu, creio que seu pensamento em alguns momentos carece de uma vivência melhor e mais profunda sobre o Cristianismo. Sei que àquela época a Igreja tinha outro comportamento e que não tínhamos conquistado as vitórias e liberdades para os leigos que vieram depois do Concílio Vaticano II, então entendi perfeitamente onde ele quis chegar ao apresentar suas ideias sobre esta religião.

“ E o mundo, para cada indivíduo, significa a parte com a qual ele entra em contato; seu partido, sua seita, sua igreja, sua classe social; em comparação, quase pode se chamar de liberal e de espírito aberto o homem para quem o mundo significa algo tão abrangente quanto seu país ou sua época.”

John Stuart Mill foi um dos escritores mais importantes a discutir sobre o tema da liberdade intelectual e pessoal. Este pequeno volume é uma ótima introdução às suas visões básicas sobre política e sociedade. Neste livro, ele expõe a base para uma visão libertária da sociedade. Útopica, na minha opinião, mas que deveria ao menos ser almejada por todos assim já estaríamos a um passo a frente da busca da verdadeira liberdade social.



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