O que um homem comum tem a nos oferecer? E se o olhĂ¡ssemos por dentro e nele nos enxergĂ¡ssemos? Babel acompanha poucas, mas decisivas semanas de Francisco, um advogado de meia idade que nĂ£o quer ouvir falar de crises. A secretĂ¡ria Marta que se entrega a um relacionamento virtual, a vizinha adolescente, o pai viĂºvo, o senhorio mudo, a faxineira Neida, o padeiro extremista, cada um a seu modo reforça a necessidade humana de convivĂªncia e afeto. De forma elegante e natural, as histĂ³rias se cruzam, umas com glĂ³rias, outras com lĂ¡grimas, como a vida de todos nĂ³s. Em meio aos infortĂºnios da vida cotidiana, a redenĂ§Ă£o poderĂ¡ vir com o desenrolar do intrincado e rumoroso caso criminal que um simplĂ³rio cliente leva ao advogado.
Babel
Frederico Monteiro
294 pĂ¡ginas
Editora Autografia
3,5/5
Babel Ă©, antes de tudo, um livro sobre as imbricadas e complexas relações entre as pessoas e como estas relações mostram (ou nĂ£o) as faces verdadeiras de quem somos. Um romance que fala de afetos e da busca incansĂ¡vel do ser humano por conexões verdadeiras. Apesar de ser a sua estreia no gĂªnero romance, o autor ousa quando estrutura a sua histĂ³ria em dois eixos narrativos diferentes. Duas histĂ³rias que se conectam e se ampliam uma na outra.
De um lado temos o protagonista Francisco, um advogado modesto e jĂ¡ em idade madura que tem um cotidiano organizado e repetitivo e que mora na grande Babel, a cidade que aqui tambĂ©m Ă© um personagem. No decorrer da histĂ³ria vamos conhecendo os outros personagens que compõem a rede de relações de Francisco e preenchem o seu cotidiano.
A secretĂ¡ria Marta, seus vizinhos, o padeiro, os atendentes de loja, seus clientes, as pessoas que transitam na rua...todos eles sĂ£o peças de um quebra-cabeça que compõem a vida de Francisco, que compõem a babel. Do outro lado temos o outro eixo narrativo, uma histĂ³ria de conflito familiar encapsulado num processo criminal trazido por um dos clientes de Francisco, Salustiano. Este crime envolve violĂªncia, vingança e claro, segredos familiares escondidos a sete chaves.
Apesar de ser a sua estreia no romance, o autor maneja com propriedade a sua estrutura e capricha na construĂ§Ă£o dos personagens. Vemos realidade em suas falas, atitudes e sentimentos, nos solidarizamos com as suas buscas, com seus dramas. Apesar da seriedade de sua empreitada, Frederico salpica em sua histĂ³ria os elementos de humor a atĂ© mesmo leves traços do trĂ¡gico, tendo a realidade como o amĂ¡lgama que condensa tudo no que podemos chamar de Babel. Uma cidade como tantas outras, que abriga a violĂªncia, a pobreza, a criminalidade e a dor, mas que Ă© povoada por pessoas comuns e complexas, cheias de esperança e vontade de nĂ£o apenas sobreviver, mas viver.
A resenha explica bem o tĂtulo do livro. E apesar de ainda nĂ£o o ter visto antes, gostei bastante da premissa dele. Essa bagunça Ă© algo nosso, algo que vivemos todos os dias, nas nossas diferenças, no nosso jeito de viver.
ResponderExcluirSe tiver oportunidade, quero sim, ler!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor
VocĂª vai gostar, Angela. É justamente sobre estas diferenças e apoiado nelas que o autor desenvolve a sua trama.
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