Aristóteles e Dante descobrem os segredos do mundo, Benjamin Alire Saenz


Dante sabe nadar. Ari não. Dante é articulado e confiante. Ari tem dificuldade com as palavras e duvida de si mesmo. Dante é apaixonado por poesia e arte. Ari se perde em pensamentos sobre seu irmão mais velho, que está na prisão.
Um garoto como pDante, com um jeito tão único de ver o mundo, deveria ser a última pessoa capaz de romper as barreiras que Ari construiu em volta de si. Mas quando os dois se conhecem, logo surge uma forte ligação. Eles compartilham livros, pensamentos, sonhos, risadas - e começam a redefinir seus próprios mundos. Assim, descobrem que o amor e a amizade talvez sejam a chave para desvendar os segredos do Universo.

Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo
Aristóteles e Dante #1
Ano: 2014 
Páginas: 392
Idioma: português
Editora: Seguinte

Estamos na cidade de El Paso, Texas, no final dos anos 80 (o que vai explicar a ausência de tecnologia na história) e vamos conhecer Aristóteles, Ari para os mais próximos. Um adolescente melancólico e solitário, com uma mãe incrível e um pai cheio de traumas por causa da guerra do Vietnã, sem ser triste ou depressivo. Entediado já no primeiro das férias, Ari, apesar de não saber nadar, vai à piscina pública e Dante se oferece para lhe ensinar. 

“Embora os verões fossem quase totalmente feitos de sol e calor, para mim os verões eram as tempestades que iam e vinham. E ficava o sentimento de solidão.

Será que todos os garotos se sentiam sozinhos?

O verão não era feito para garotos como eu. Garotos como eu pertenciam à chuva.”

Dante é alegre, divertido, falante, cheio de alegria de viver, o oposto de Ari. Mas, ainda assim, a amizade dos dois vai crescendo, fazendo com que se tornem tão unidos a ponto de não se imaginarem um sem o outro. 

“Minha mãe e meu pai deram as mãos. Imaginei como era – como era segurar a mão de alguém. Aposto que às vezes é possível desvendar todos os mistérios do Universo na mão de uma pessoa.”

Mas qual é mesmo o plot da história? Então, não temos. A narrativa é sobre a vida dos dois rapazes e como eles lidam com seus pais amorosos, os segredos que toda família tem, com sentimentos que existem mas que você nunca demonstrou ou nunca soube que existiam, com a imagem que os outros tem de você.

Não me preocupei em entender. Não ligava para o que queriam dizer. Não ligava porque o importante era que a voz de Dante dava a sensação de ser real. E eu tinha a sensação de ser real. Antes de Dante, estar com alguém era a coisa mais difícil do mundo para mim. Mas, com ele, conversar e viver e sentir pareciam coisas perfeitamente naturais. No meu mundo não eram.

Ari narra a história e consegue transmitir para o leitor o turbilhão de sentimento confusos que ele vive com tudo o que já existia em sua vida e agora com toda a revolução que a existência de Dante causou. Ele nos leva através da sua história de autodescoberta e descoberta de mundo que ele nem tomava conhecimento que existia, mas que Dante desperta. E vamos com os dois nessa trajetória linda de amizade verdadeira, confiança, lealdade e de muito amor. 

Sim, esse é um romance LGBTQIA+, mas não subestime essa história, ela vai muito além. 

“Senti vontade de dizer que nunca tivera um amigo, nenhum, nenhum de verdade. Até Dante. Senti vontade de dizer que não sabia que existia gente como Dante no mundo, gente que observava estrelas, que conhecia os mistérios da água, que sabia o suficiente para entender que os pássaros pertenciam ao céu e não deveriam ser derrubados de seu voo gracioso por tiros de moleques idiotas e cruéis. Senti vontade de dizer que Dante transformara minha vida e que eu jamais seria o mesmo, jamais”.

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