A rosa mais vermelha desabrocha, Liv Strömquist


Depois do sucesso de A origem do mundo, Liv Strömquist está de volta numa poderosa e necessária reflexão sobre o amor na contemporaneidade.
Podemos controlar o amor? O que realmente acontece quando ele acaba? Como o amor deixou de ser considerado uma força misteriosa para se tornar algo racionalmente explicável? Por que procuramos ser mais amados do que amar?

Com muito humor e inteligência, e o título emprestado de um verso da poeta norte-americana Hilda Doolittle, A rosa mais vermelha desabrocha examina as engrenagens do amor nos tempos do capitalismo tardio. A partir de histórias como a de Sócrates, que traiu Alcibíades há mais de dois mil anos, ou a de Teseu, que abandonou a amada Ariadne de uma hora para outra na ilha de Naxos, e com a ajuda de Beyoncé, do filósofo Sören Kierkegaard, dos smurfs, da namorada alucinada de Lorde Byron, de Platão, de Jabba de Star Wars, e de outros especialistas na arte de amar, a artista sueca Liv Strömquist mais uma vez desconstrói mitos e se afirma como uma das quadrinistas mais relevantes da atualidade.
Já disse aqui o tanto que eu amo os quadrinhos da Cia que abordam temas essenciais para a boa convivência da humanidade de maneira leve e divertida? Pois eu AMO! E acabei de devorar A rosa mais vermelha desabrocha, da Liv Strömquist, de que eu já li e resenhei aqui, Na sala dos espelhos.

Essa HQ se predispõe a falar sobre o amor, mais especificamente sobre uma suposta falta de amor que permeia os relacionamentos atuais. Para isso, a autora usa como exemplos o ator Leonardo DiCaprio, que se relaciona apenas com mulheres mais novas em relacionamentos sempre muito curtos e sem compromisso e a música Irreplaceble, da Beyoncé, que fala sobre não sofrer com o término de um relacionamento. Liv tenta explicar, através de algumas teorias, todas muito bem fundamentadas e referenciadas, porque e como o amor mudou.

Devido ao nosso capitalismo tardio, estamos experimentando cada vez a sensação de poder, principalmente as mulheres que hoje não precisam de um homem pra validar a sua existência. Nos trabalhamos, criamos, governados e escolhemos. Assim, o homem perde a sua posição de provedor e utiliza a relação como nova forma de dominação, ditando como e quando ela deve acontecer. 

Ainda segundo Liv, o grande mal da nossa época é a forma como os relacionamentos são construídos. O capitalismo tardio me leva a olhar o outro como um produto que eu posso escolher detalhes, adquirir e devolver caso não me agrade porque a ideia de amar alguém de maneira irracional, sem explicação nem justificativas, amar simplesmente por amar, já não serve. 

O tom de conversa do quadrinho, que faz o leitor se sentir íntimo da autora, é crucial para tornar essa leitura quase didática mesmo trazendo como base pesquisas e ideias de vários filósofos.

Você não precisa concordar com tudo o que a Liv diz, mas ler essa HQ vai te levar a muitas reflexões e a entender a postura das pessoas nos relacionamentos (talvez até a sua própria).








A rosa mais vermelha desabrocha
O amor nos tempos do capitalismo tardio ou por que as pessoas se apaixonam tão raramente hoje em dia
Ano: 2021
Páginas: 176
Idioma: português
Editora: Quadrinhos na Cia

Nenhum comentário

O seu comentário alegra o nosso dia!!!