A par do enredo bem construído de Liturgia do fim, Marilia Arnaud mostra
um domínio excepcional da língua, revestindo a brutalidade da vida em Perdição
com uma prosa lírica e um vocabulário de extraordinária e rara beleza, que,
conforme diz a também escritora Maria Valéria Rezende, vencedora do prêmio Jabuti 2015 na categoria Livro do Ano de
Ficção, “escapa de maneira brilhante de uma das armadilhas que ameaçam boa
parte de nossa literatura, o achatamento e encurtamento de nossa extensa e
preciosa língua, em nome de uma suposta oralidade”.
Inácio,
escritor e professor universitário, um homem assombrado pela memória e pelos
fantasmas de um doloroso segredo familiar, abandona a mulher e a filha, as
salas de aula e a literatura para voltar a Perdição, lugar onde nasceu e viveu
até os 18 anos e de onde foi expulso trinta anos antes pelo pai, um homem rude
e autoritário que educou os filhos com rigor e frieza.
Restam na velha casa da fazenda apenas o pai e
Damiana, a criada de toda uma vida. A mãe, as irmãs Tereza e Ifigênia, tia
Florinda e seu filho Felinto estão mortos e habitam apenas as lembranças de
Inácio – ora doces, ora amargas. Incapaz de esquecer, Inácio desiste de fugir,
volta para finalmente enfrentar a violência do pai e decide colocar sua
história papel. Numa narrativa descontinuada e sinuosa, em que presente e
passado se alternam e se misturam, Inácio vai narrando a infância e a
adolescência em Perdição, a vida em família, a relação difícil com o pai, o
afeto pela mãe e a obsessão pela tia louca, os medos noturnos, o primeiro e
único amor, a paixão pelos livros.
Nunca tinha visto esse livro. A resenha me deixou curiosa pra saber mais sobre a história. Quanta coisa deve ter acontecido com esse homem. Fiquei curiosa
ResponderExcluirOlá. Esse lançamento tem uma premissa forte e complexa. Fiquei curiosa sobre a obra, mas vou aguardar uma resenha para saber mais. Obrigada pela dica. Beijos.
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