Olhos de raposa, Fabrício Carpinejar



A Coleção Pedaços de Vida apresenta a biografia do olhar paterno. Nas crônicas temos Fabrício Carpinejar às voltas com os filhos Mariana e Vicente. São memórias da vida com os filhos, dos sentimentos despertados pela paternidade.
Olhos de Raposa
Coleção Pedaços de Vida
Ano: 2014 
Páginas: 128
Idioma: português
Editora: Edelbra

Ler Carpinejar é sempre ir ao encontro de uma escrita poética, delicada e sensível. Uma crônica disfarçada de poema, se é que podemos assim dizer. Olhos de Raposa é um dos quatro volumes da Coleção Pedaços de Vida, onde o autor traz uma coletânea de pequenas crônicas que tem como temática a paternidade e as inúmeras aprendizagens que se desenham a partir dela. 

Fabrício, pai de Vicente e de Mariana, traz à tona as memórias e vivências de um pai que aprendeu a ser pai a partir da experiência cotidiana, dos erros e acertos e da responsabilidade afetiva que se desenha em decisões e escolhas, em proteção e coragem. 

Neste volume, o segundo da coletânea, somos presenteados com 31 pequenas crônicas que se tornam maiores pelos sentires e afetos que se desenham em suas rápidas linhas. Temas que vão desde os mais gerais como: os tipos de choro, a torcida nos jogos de futebol, a busca na escola, a necessidade de ser exemplo; até os mais delicados e comoventes, como a ternura crescente de ser pai e escrever e declamar um poema para a sua filha. 
O tempo é a linha com a qual Carpinejar costura tão bem essas crônicas. Ora ele se desenha em sua própria infância, relembrando fatos ocorridos em sua família, ora ele traz lembranças de Vicente e Mariana em diversas fases da vida e ora ele traz personagens fictícios, de um tempo desconhecido, que também são personagens junto com seus filhos. 

Para além das questões parentais ou de um simples compilado de memórias, o autor fala de sentimentos. De como eles estão dissolvidos em todas as fases de nossa vida e de como precisamos elaborá-los, cuidá-los e sabê-los. É um livro leve e delicado, gostoso de ler e que fica conosco um bom tempo, mesmo depois que terminamos a leitura. 

Gostei de todas as crônicas, mas algumas merecem destaque como Colo, um lembrete importante para a necessidade emocional dos pais, que sempre dão conforto, mas também precisam ser confortados; Olhos de Raposa, uma ode ao sentimento mais vivenciado nesta pandemia: a saudade; e Confissão, um retrato sensível de como o autor enfrentou o bullying e se reinventou diante de si mesmo com aceitação e criatividade. 

Merece destaque especial a crônica Não use o filho como desculpa, onde o autor, com muita propriedade (apesar de não ser o seu local de fala), traz à tona a maternidade romantizada, descontruindo o esconderijo usado por muitas mulheres para não viverem: “Maternidade não é renúncia é aceitação de que o filho não é tudo, não é um fim, é o nosso recomeço.”

O projeto gráfico de Victória Píffero associado às ilustrações de Ana Pez, dão às palavras de Carpinejar um entorno colorido e vivo, trazendo uma experiência de leitura envolvente e muito prazerosa. Olhos de raposa é um livro infanto-juvenil para pessoas de todas as idades. Recomendo!  



Um comentário

  1. Oi
    não conhecia o autor, que bom que gostou das crônicas da obra, achei a capa bonita.
    Parece ser um livro rapidinho de se ler.

    http://momentocrivelli.blogspot.com/

    ResponderExcluir

O seu comentário alegra o nosso dia!!!