Pequena, tímida, escondida atrás da boina xadrez, Heloíse parece ser mais uma adolescente no Ensino Médio. Mas, dentro de Heloíse, existem outras oito identidades — Neno, Capitã, Nico, Prila, Sombra, Cookie, Ester e Hélio — transformando a mente deles em um sistema. Convivendo com o Transtorno Dissociativo de Identidade, cada um tem suas tarefas e obrigações. Heloíse é a responsável por manter os relacionamentos, cuidar da rotina e dos estudos. Até o dia em que os outros percebem que ela desapareceu. Agora as demais identidades precisam sobreviver à nova escola, a um novo amor e, principalmente, ao acerto de contas com o passado. Mas onde está Heloíse? Emocionante e delicado, Heloíse não pode sair é uma história cheia de esperança, sobre o poder que cada um de nós tem e sobre as diferenças que nos tornam tão incríveis.
Heloíse Não Pode Sair: e Se Uma Parte Sua Desaparecesse?
Ano: 2023
Páginas: 288
Idioma: português
Editora: Livros da Alice
Heloise está de volta ao Brasil depois de passar dois anos em Londres aprendendo a conviver com o TDI (Transtorno Dissociativo de Identidade) acompanhada por seu padrinho/padrasto. No auge da adolescência e com oito identidades ou alter-egos diferentes (em gênero, idade, gostos, personalidade e criados a partir de um trauma específico), Heloise ainda vai ter que encarar o ensino médio e as experiências mais constrangedoras desse período.
A confusão começa quando Heloise não aparece para liderar o sistema. Neno, seu alter mais centrado e responsável, é quem assume e se faz passar por Heloise pra tentar manter uma aparente normalidade.
Com o passar dos dias, os outros alters se revezam na hora de assumir o fronte, causando algumas pequenas confusões e despertando até um romance, no mínimo, desafiador. Afinal, com quem eu estaria me relacionando se namorasse com Heloise?
Apesar de cada capítulo começar com o nome do alter que está no comando, depois de algumas páginas fica fácil identificar quem é quem. A escrita da Cinthia Zagatto é maravilhosa!!! Ela consegue abordar com leveza o TDI sem criar estereótipos, enquanto aproveita para falar sobre amor, homossexualidade, gênero, relações familiares conflituosas, amizade, abusos e perdão. Tudo isso com muita sensibilidade, mas sem romantizar ou minimizar a importância de tratar o TDI.
Heloise não pode sair é, até agora, o livro que mais me tocou, me fez chorar e me ensinou em 2024. Se você gostou de Divertidamente ou Fragmentado, essa é a oportunidade de saber mais sobre o TDI sem precisar chegar a nenhum dos extremos.
" Eu posso garantir que estar consciente em um espaço vazio pela maior parte da vida não é uma experiência agradável. Mas, se algum dia decidissemos voltar à escuridão de antes ou tivéssemos a opção de transformar a nave em outro ambiente, tudo desapareceria. Menos nós. Nós ficaríamos, todos os nove. E isso significa que Heloise precisa estar em algum lugar. Alters não somem assim. Eles se integram, da maneira que eu fiz, e às vezes adormecem se não conseguirem mais suportar o dia a dia; cada um de nós carrega conhecimentos e vivências que um cérebro não pode apagar com um estalar de dedos. "
" ... porque saber de tudo bem sempre é seguro. "
" Capitã e Nico estão na ponte de comando, o que me passa mais segurança. Sei que, se qualquer coisa acontecer, Capitã vai nos fazer virar a mãe da turma. Já Nico, eu espero que não dê em cima de ninguém; é nossa parte sexual, e os hormônios da adolescência têm sido brutais para ele. Quem me preocupa mesmo é Cookie. Podemos até parecer uma alma velha ou a nova aluna saidinha, mas jamais uma pirralha eufórica - acabaria com a nossa vida escolar na primeira semana.
Por isso, ela está ocupada na sala de convivência, desenhando com Prila, nossa cuidadora. "
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