Estamos bem, Nina LaCour

Marin deixou tudo para trĂ¡s. A casa de seu avĂ´, o sol da CalifĂ³rnia, o corpo de Mabel e o Ăºltimo verĂ£o agora sĂ£o fantasmas que ela nĂ£o quer revisitar. O retrato de uma histĂ³ria em que jĂ¡ nĂ£o se reconhece mais. NinguĂ©m nunca soube o motivo de sua partida. Nada se sabe sobre a verdade devastadora que destruiu sua vida.
Agora, ela vive em um alojamento vazio e estĂ¡ sozinha no inverno de Nova York. Marin estĂ¡ Ă  espera da visita de sua melhor amiga e do inevitĂ¡vel confronto com o passado. As palavras que nunca foram ditas finalmente se farĂ£o presentes para tirĂ¡-la das profundezas de sua solidĂ£o.
Estamos Bem
Ano: 2017 
PĂ¡ginas: 224
Idioma: portuguĂªs
Editora: Plataforma21
“O problema da negaĂ§Ă£o Ă© que, quando a verdade chega, vocĂª nĂ£o estĂ¡ pronta.”

Nossa protagonista Ă© Marin, estudante universitĂ¡ria que mora no seu dormitĂ³rio que divide com uma colega. AtĂ© aĂ­, tudo normal. Mas Marin nĂ£o tem ninguĂ©m na vida... Sua mĂ£e morreu quando ela era criança e foi criada por seu avĂ´, que morreu pouco antes da data em que deveria iniciar as aulas na universidade.
“Tentei sorrir, mas falhei. O problema da negaĂ§Ă£o Ă© que, quando a verdade chega, vocĂª nĂ£o estĂ¡ pronta.”
O recesso de Natal jĂ¡ vai começar, e como Marin nĂ£o tem para onde ir, ela vai continuar sozinha em seu dormitĂ³rio, pelo menos atĂ© sua amiga Mabel chegar...
Quem Ă© Marin? Como se tornou tĂ£o solitĂ¡ria? Aos poucos, vamos entendendo tudo isso, jĂ¡ que a narraĂ§Ă£o intercala momentos do presente e do passado da vida da nossa protagonista.

De cara, nĂ£o sabemos a importĂ¢ncia de Mabel na vida de Marin, mas Ă© claro que a sua chegada Ă© capaz de desestabilizar a garota. Afinal, as duas vĂ£o se encontrar apĂ³s quatro meses sem nenhum contato, quando Marin abandonou a sua cidade.

“Eu tinha afastado a dor. E a encontrara nos livros. Chorava pela ficĂ§Ă£o em vez de chorar pela verdade. A verdade era irrestrita, sem enfeites. NĂ£o havia linguagem poĂ©tica nela, nem borboletas amarelas, nem inundações Ă©picas. NĂ£o havia uma cidade presa embaixo d’Ă¡gua nem gerações de homens com o mesmo nome, destinados a repetir os mesmos erros. A verdade era ampla o bastante para se afogar nela.”

Acredito que para mostrar o quanto a tristeza e a depressĂ£o sĂ£o chatas e afastam as pessoas, a primeira parte do livro, que mostra esse astral pesado de Marin, tambĂ©m tem um ritmo lento. E se a curiosidade nĂ£o prevalecer, vocĂª vai perder uma super histĂ³ria, que tambĂ©m fala de famĂ­lia e de como esse relacionamento pode ser complicado. SĂ³ lamento a falta de detalhes e de algumas respostas.

Mas nem tudo Ă© sofrimento na vida de Marin, Mabel Ă© o seu farol, seu primeiro amor e a parte boa de sua vida. Mas isso aconteceu a um bom tempo... e como estarĂ£o as coisas entre as duas agora?

Esse Ă© o meu primeiro livro de temĂ¡tica LGBT, e amei. Com maestria, a autora insere o tema com total naturalidade, como apenas mais um dos temas da histĂ³ria, mostrando o quĂ£o comum pode ser um romance entre duas meninas que elevaram a sua amizade a algo mais Ă­ntimo. Mas o que aconteceu com essas duas? Por que elas estĂ£o a tanto tempo sem se falar?

O leitor vai precisar ir juntando os pedacinhos desse quebra-cabeças para entender nĂ£o sĂ³ essa relaĂ§Ă£o, mas toda a vida de Marin, ou, pelo menos, atĂ© onde ela prĂ³pria consegue entender.

O livro fala, de maneira muita clara, sobre a tristeza, a depressĂ£o e o luto de Marin, fala da sua dificuldade de lidar com a solidĂ£o, da dificuldade de criar novos laços e de como segredos mantidos por todo uma vida podem fazer um real estrago na vida de alguĂ©m. Mas tudo com um toque de amor, seja ele de famĂ­lia, de amigos ou de amores.

Recomendo sim!

Um comentĂ¡rio

  1. Puxa, uma protagonista tĂ£o jovem carregando um peso deste tamanho...isso meio que assusta a gente, mas Ă© totalmente real nesse universo que estamos vivendo hoje em dia, infelizmente.
    Tantos jovens cada vez mais solitĂ¡rios.
    Gosto muito deste tema LGBT em livros, apesar de ainda ficar meio pĂ© atrĂ¡s com alguns livros ou filmes, por focarem muito no sexo e deixarem a parte emocional de lado,mas este parece ser bem o contrĂ¡rio.
    Vai para a lista de desejados com certeza.
    Beijo

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