Persépolis, Marjane Satrapi

Marjane Satrapi tinha apenas 10 anos quando viu-se obrigada a usar o véu islâmico, numa sala de aula só de meninas. Nascida numa família moderna e politizada, em 1979, ela assistiu ao início da revolução que lançou o Irã nas trevas do regime xiita, apenas mais um capítulo nos muitos séculos de opressão dos persas. 25 anos depois, com os olhos da menina que foi e a consciência política à flor da pele da adulta em que transformou-se, Marjane, emocionou leitores de todo o mundo com sua autobiografia nos quadrinhos, que só na França vendeu mais de 400 mil exemplares. Em Persépolis, o popular encontra o épico, o oriente toca o ocidente, o humor infiltra-se no drama, e o Irã parece muito mais próximo do que poderíamos suspeitar.
Persépolis
Ano: 2007 
Páginas: 352
Idioma: português


Com um tom totalmente autobiográfico, Persépolis é uma obra de Marjane Satrapi, iraniana, criada em uma família de classe média que não concordava com os ensinamentos radicais e acreditava na luta contra o Imperialismo, na igualdade de gênero e na liberdade de expressão. E que vivenciou a opressão do povo persa. 

Seu primeiro choque com a cultura islâmica acontece aos 10 anos de idade, quando as mulheres de todas as idades passam a ser obrigadas a usar o véu. Era 1979 e o regime xiita vira a vida de Marjane de cabeça pra baixo. 

A monarquia se torna uma república islâmica com ideias extremistas, conservadoras e cheias de religiosidade. O que vai de encontro às ideias liberais da família de Marjane, que defende, entre outros direitos, a liberdade das mulheres poderem estudar. A submissão feminina passa a fazer parte desse contexto e todos os pensamentos e manifestações contrárias ao novo regime são brutalmente reprimidas, isso sem falar nos constantes bombardeios que mudam a paisagem a cada dia e as leis extremistas. 

Aos 14 anos, Marjane é enviada para estudar na Áustria e, como toda boa adolescente longe dos pais, deixa de ser aquela menina responsável e idealista para se tornar a garota que bebe, rebelde, transgressora e irreverente. 


Mas nada como a chegada da vida adulta e o preconceito ocidental para fazer a nossa protagonista amadurecer e voltar ser com aquela garotinha curiosa e idealista que ela já foi. Quando no Irã, Marjane não se enquadrava nas regras extremistas do Islã, agora na Áustria, ela não se veste, não se comporta nem age como os ocidentais. 

Como se trata de uma HQ, toda a crueldade provocada pelo novo regime e suas consequências, principalmente na população que não se rende a esse extremismo, é mostrada de uma maneira bem mais leve e fluida, poupando o leitor de maiores sofrimentos. 

Persépolis é daquelas histórias que devem ser lidas e panfletadas para que todos conheçam a realidade das pessoas que vivem em um país onde houve a supressão dos seus direitos e entendam que ninguém está livre de ser atingido por tal mazela e correr o risco de retroceder em séculos na história. 




Nenhum comentário

O seu comentário alegra o nosso dia!!!