Cidades afundam em dias normais, Aline Valek


Da mesma autora de “As Ă¡guas vivas nĂ£o sabem de si”. Alto do Oeste Ă© uma cidade no meio do Cerrado, que, no inĂ­cio desse sĂ©culo, afundou inexplicavelmente dentro de um lago. Apesar de insĂ³lita, essa submersĂ£o foi acontecendo de forma lenta e gradual, de modo que tambĂ©m foi aos poucos que seus habitantes foram “expulsos” pelo avançar das Ă¡guas e obrigados a abandonar Ă  cidade. Anos depois, uma seca extrema no cerrado voltou a revelar Alto do Oeste, e todos os resquĂ­cios da vida das pessoas daquele lugar antes da inundaĂ§Ă£o vieram Ă  tona novamente, como se fossilizados pelo barro que agora encobre todas as coisas. Ao saber da notĂ­cia, KĂªnia Lopes, uma antiga moradora da cidade, decidiu que precisava fotografar as ruĂ­nas, como se em busca da resposta para uma questĂ£o jamais respondida: o que faziam os moradores enquanto aquele pequeno apocalipse se aproximava?
Cidades afundam em dias normais
Ano: 2020 
PĂ¡ginas: 256
Idioma: portuguĂªs
Editora: Rocco


De forma inexplicĂ¡vel, a cidade interiorana Alto do Oeste acabou afundada em um lago. Seus moradores, aos poucos, foram embora conforme a Ă¡gua subia e a cidade se tornava cada vez mais uma lembrança, porĂ©m, depois de muito tempo, por conta de uma seca extrema, essa cidade ressurge, uma parte da populaĂ§Ă£o começa a voltar para retomar o que perdeu e com essa populaĂ§Ă£o vem KĂªnia, antiga moradora da cidade.

KĂªnia foi embora ainda durante o perĂ­odo da enchente, vendo que sua cidade ia parar no fundo desconhecido de um lago que sĂ³ aumentava, hoje uma fotĂ³grafa tambĂ©m resolve voltar a cidade para fotografar as ruĂ­nas do que apareceu e com isso tambĂ©m saber o que aqueles moradores faziam enquanto a cidade afundava.

“A vida pode ser meio decepcionante. Parece que nada acontece, atĂ© vocĂª reparar que acabou.”

Narrado em terceira pessoa, o livro Ă© mais um relato de lembranças dos moradores, principalmente de KĂªnia e daqueles que estavam em seu cĂ­rculo social. A histĂ³ria de Aline Valek carrega memĂ³rias de uma vida interiorana nem sempre fĂ¡cil e carregada de reviravoltas que vivemos na prĂ³pria vida real. 

É uma histĂ³ria sobre a realidade, com a diferença de uma cidade que afundou em um lago e depois voltou a aparecer. O livro aborda diversos temas como a dificuldade dos moradores, a vida no interior, as diferenças sociais, o envolvimento com o mundo obscuro, entre outras situações que muito se ver de fato em cidades interioranas, mas que tambĂ©m estĂ£o de forma muito declarada em grandes capitais.
 
“Se acostumar Ă© nĂ£o conseguir mais diferenciar as tragĂ©dias dos dias normais.”

Um livro interessante, mas que para mim, enquanto leitora, deixou algumas lacunas abertas e um final abrangente, sem uma definiĂ§Ă£o concreta do que aconteceu com a cidade ou com aqueles que no final das contas voltaram as suas rotinas. 

Para quem curte uma histĂ³ria mais voltada a memĂ³rias, esse livro Ă© um prato cheio de reflexões e passagens que moldam e podem mudar o leitor, pode nos fazer rever conceitos e comportamentos, mas tambĂ©m pode ser uma leitura arrastada, onde esperamos explicações que nĂ£o vĂ£o vir, deixando situações abertas a interpretaĂ§Ă£o prĂ³pria. 

“O lado bom da ausĂªncia Ă© que o vazio a gente preenche como quiser.”

Devo confessar que esperava um pouco mais da leitura, mas nĂ£o foi uma experiencia ruim e sim bastante reflexiva. EntĂ£o, se vocĂª ainda nĂ£o leu esse livro, te convido a ler e tirar suas prĂ³prias conclusões sobre ela, afinal podemos pensar diferente, mas se jĂ¡ leu vem aqui me contar o que achou, se concorda comigo ou qual a sua opiniĂ£o sobre essa leitura, debates sĂ£o sempre bem vindos. 

Eu vou ficando por aqui, um super beijo, fiquem bem e até eu voltar com mais!



Um comentĂ¡rio

  1. CenĂ¡rio de realidade nĂ©?
    Eu estou namorando esse livro jĂ¡ tem um tempinho e mesmo com algumas resenhas nĂ£o tĂ£o positivas, quero muito viajar nesse cenĂ¡rio!
    Beijo

    Angela Cunha/O Vazio na flor

    ResponderExcluir

O seu comentĂ¡rio alegra o nosso dia!!!